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De olho na Saúde, Centrão monitora fritura de Alexandre Padilha

PP e União Brasil demonstram interesse em controlar o ministério cuja ministra, Nísia Trindade, foi indicada pelo petista

O ministro Alexandre Padilha (esq.) foi defensor da indicação de Nísia Trindade (dir.), para o Ministério da Saúde ainda na transição de governo. Com ele enfraquecido e sendo criticado publicamente, aumenta a pressão para que partidos assumam a pasta

Mateus Maia/Guilherme Waltenberg

O interesse de partidos do chamado Centrão em comandar o Ministério da Saúde, que concentra um dos maiores orçamentos da Esplanada, vem desde a transição para o 3º mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). À época, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, conseguiu emplacar sua indicação para a Saúde: Nísia Trindade.

Com a fritura pública que vem sofrendo nas últimas semanas, entretanto, conversas sobre partidos como PP e União Brasil poderem assumir a pasta ganharam força no interior desses grupos. E começaram a ser vocalizadas. Há uma insatisfação de congressistas com o trabalho de Padilha.

Na visão de alguns deputados, o próprio governo deveria tomar um passo como efeito colateral do enfraquecimento do ministro na Esplanada e da necessidade de Lula reforçar sua base de apoio no Congresso. Esse passo seria colocar o ministério para negociação.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), elevou o tom das críticas ao governo na semana que passou. Antes da aprovação da medida provisória da Esplanada, disse que se o resultado da votação fosse positivo seria mérito exclusivo do líder do Governo, José Guimarães (PT-CE). Quem cuida da articulação e deveria ser responsável por uma aprovação dessa magnitude é justamente Padilha.

Há insatisfação generalizada com Padilha no Congresso. Nesse cenário, ele fica enfraquecido para manter sua influência na Esplanada e, consequentemente, na Saúde.

O PP, partido de Lira, é o maior interessado em assumir o ministério de Nísia, segundo apurou o Poder360. Lula nega ter recebido pedido do gênero. Nos bastidores, entretanto, congressistas dizem haver poucas alternativas para resolver problemas da base de apoio além dessa.

Outra legenda que tem revelado interesse na área em conversas com ministros do governo é o União Brasil. Há pressão por mudanças nas pastas do partido: 

o Poder360 mostrou que o nome de Celso Sabino ganhou força para substituir Daniela Carneiro (Turismo);

o interesse na Saúde é da ala do presidente da sigla, Luciano Bivar. Em conversas informais, falam em mais 30 votos ao governo caso fiquem com a pasta.

LULA, SENADO E STF

Lula tem planos de resistir à pressão da Câmara. Confia na relação próxima que tem com o Senado e o STF (Supremo Tribunal Federal). O petista tem se aproximado de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, e Davi Alcolumbre (União-AP), presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

Waldez Góes (Desenvolvimento Regional), indicado para a Esplanada por Alcolumbre, por exemplo, não perderá o posto. O senador se reuniu com Lula na última semana para assegurar que trabalhará para facilitar a sabatina e aprovação do indicado pelo Planalto para o Supremo, o advogado Cristiano Zanin. No Judiciário, Lula também tem ampla maioria na Suprema Corte.

O governo terá que lidar com o preço de não estar indo bem na articulação política. A cada derrapada com o Congresso, é preciso mais capital político de Lula e mais concessões aos partidos que são maioria na Câmara, principalmente.

O petista priorizou agendas internacionais desde que assumiu em janeiro.

Fez 10 viagens para fora do país e tem ao menos mais uma marcada ainda para junho, quando irá a Paris. A relação com o Legislativo ficou em 2º plano e quase resultou em grande derrota, que seria a não aprovação da MP da Esplanada. Esta, mesmo esvaziando áreas importantes do governo, foi aprovada no último dia possível.

Por: poder 360

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