DANIEL CHAPO ASSUME PRESIDÊNCIA DE MOÇAMBIQUE EM MEIO A CRISE POLÍTICA E PROTESTOS
Chapo, que tomou posse nesta quarta-feira, é o quinto presidente de Moçambique para o quinquênio 2025-2029.
Daniel Chapo tomou posse nesta quarta-feira como o 5º presidente de Moçambique para o mandato de 2025 a 2029, após vencer as eleições de 9 de outubro com 65% dos votos, segundo informações divulgadas pela RFI. No entanto, a cerimônia ocorreu em meio a um cenário de forte tensão política e contestação dos resultados eleitorais.
Seu principal adversário, Venâncio Mondlane, candidato do partido PODEMOS, que obteve 24% dos votos, rejeitou os resultados oficiais proclamados pelo Conselho Constitucional em 23 de dezembro. Mondlane chegou a se autoproclamar presidente eleito e realizou, no dia 8 de janeiro, um juramento simbólico à Nação, afirmando: “Eu, Venâncio Mondlane, presidente eleito pelo povo, juro pela minha honra servir a pátria moçambicana e aos moçambicanos.”
Mondlane mantém sua postura de não reconhecer a legitimidade de Chapo, prometendo seguir com a contestação eleitoral. Ele declarou que, a partir de 15 de janeiro, Moçambique terá “dois presidentes”: ele, autoproclamado pelo povo, e Chapo, declarado vencedor pelo Conselho Constitucional.
A instabilidade política e a repressão aos protestos resultaram em mais de 200 mortes, segundo relatos. A situação agravou-se com a mobilização de uma juventude insatisfeita, que exige mudanças no sistema político do país. O encenador Victor de Oliveira, que apresentou em Paris a peça Limbo, destacou a força dos jovens moçambicanos: “O que nós estamos a assistir é uma juventude extremamente forte que diz: ‘Basta, basta! Não podemos continuar assim’.”
Moçambique, que celebra 50 anos de independência em 2025, é governado desde 1975 pelo partido FRELIMO. Victor de Oliveira alertou para as fragilidades da democracia no país: “Durante muitos anos as eleições eram fraudulentas. As pessoas sabiam mais ou menos que eram fraudulentas, mas tudo isso era feito com o aval de países europeus e do Ocidente.”
A posse de Daniel Chapo contou com a presença de poucos líderes internacionais, entre eles os presidentes da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, e da África do Sul, Cyril Ramaphosa. Portugal foi representado pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, substituindo o presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que cancelou sua participação. A ausência de chefes de Estado reflete a preocupação internacional com o clima de tensão em Moçambique.
O grande desafio de Chapo será unir o país politicamente dividido, restaurar a confiança nas instituições e estabilizar a segurança interna. O próximo quinquênio será decisivo para provar a resiliência da democracia moçambicana diante de uma oposição determinada e de uma sociedade civil cada vez mais mobilizada.
Por Brasil 247