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 CRISE NO PDT: DESFILIAÇÕES EM MASSA ELEVAM CONFLITO ENTRE CID E CIRO GOMES

73 baixas reabrem confronto político entre os irmãos e ameaçam base do partido no Ceará

A disputa política entre os irmãos Cid e Ciro Gomes, protagonistas da família Ferreira Gomes, atingiu um novo patamar de tensão no Partido Democrático Trabalhista (PDT). O ápice da crise se manifestou com a desfiliação de 43 prefeitos cearenses, somando-se a 18 parlamentares, dez chefes municipais e dois filiados sem mandato, totalizando 73 baixas desde o início das discordâncias, destaca o jornal O Globo.

Este desligamento em massa, oficializado durante um evento com 46 prefeitos em Fortaleza na terça-feira (14), reacendeu os debates e trocas de acusações entre os grupos antagonistas liderados por Ciro e Cid. A saída mais recente inclui aliados do senador, como Ivo Gomes, prefeito de Sobral e irmão de ambos, assim como a deputada estadual Lia Gomes.

O grupo dissidente contesta as diretrizes do PDT nacional, liderado pelo aliado de Ciro, o deputado federal André Figueiredo. A escalada da crise começou após uma reunião que culminou em uma briga e ofensas entre os irmãos Gomes. O objetivo inicial era encerrar um conflito relacionado ao diretório estadual do partido no Ceará, alvo de disputa judicial entre eles.

Cid Gomes denuncia perseguição nos desacordos com o diretório nacional. Na semana passada, obteve uma vitória judicial que devolveu o controle do PDT cearense ao seu grupo. Em resposta, o presidente do PDT, ligado a Ciro, ameaçou iniciar um processo de expulsão do senador. Como retaliação política, os prefeitos abandonaram o partido nesta semana. A ameaça de expulsão de Cid, de acordo com fontes, irritou Carlos Lupi, que se levou da presidência do partido para assumir o Ministério da Previdência.

Esse cenário preocupa a cúpula do PDT, especialmente considerando as eleições legislativas do próximo ano. Os resultados recentes evidenciam o enfraquecimento do partido. Em 2020, o PDT elegeu 314 prefeitos (em comparação com 331 em 2016), 65 apenas no Ceará, incluindo o prefeito de Fortaleza, José Sarto. Perder mais da metade desse apoio torna complexas as alianças e diminui os palanques da sigla.

Cid ressalta que, sem alianças com partidos como o PT, o PDT enfrentará dificuldades para formar chapas e ter tempo de TV na propaganda partidária. Ele afirma que a maioria do partido no Ceará compartilha dessa visão, incluindo cinco deputados federais, 13 estaduais e mais de 40 prefeitos.

André Figueiredo, presidente do PDT, minimiza os possíveis prejuízos para o desempenho do partido, destacando que nenhum prefeito solicitou oficialmente a desfiliação até o momento. Ele aponta a dificuldade do senador Cid em lidar com divergências internacionais e impor suas vontades.

O grupo oposto ao Cid no partido contestou a maneira como a reunião que resultou na saída dos prefeitos foi conduzida, argumentando que houve constrangimentos. Para eles, essa postura é peculiar ao grupo de Cid.

 “Não tem divisão no PDT do resto do país. Nós temos que conviver, lamentavelmente, com essa postura que é, digamos assim, peculiar aos partidos que o senador Cid, com seu respeitável grupo, participa”, disse Figueiredo.

Essa crise é resultado de divergências anteriores, como uma aliança com o PT, onde Cid apoiou o presidente Lula no segundo turno das últimas eleições, indo contra a posição de seu irmão Ciro. Além disso, divergências sobre alianças políticas e disputas pelo controle do diretório no Ceará alimentaram o conflito, agravado pela recente onda de desfiliações que afetou a preparação do partido para as eleições legislativas futuras. Até o momento, apenas três pré-candidaturas foram lançadas.

Por Brasil 247

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