CIDADANIA DA VIDA
Siro Darlan
Em 21 de junho de 1982 estreava o uso da toga no Município de Silva Jardim com muito orgulho. Não tive padrinhos importantes, nem dinheiro no bolso e vinha do interior da Paraíba. Percorri esse caminho sempre observando meu juramento como magistrado de “Cumprir e fazer cumprir a Constituição e as leis de meu país”. Andei por caminhos tortuosos e cheios de pedras e armadilhas, combati o bom combate, cumpri meus deveres e guardei a fé.
Fui negligente com minha família e meus amigos por fidelidade a essa tarefa de fazer justiça. Sempre estive do lado dos mais vulneráveis e oprimidos. Fui juiz dos presos, das crianças, das mulheres agredidas, dos que sofrem perseguição por causa da JUSTIÇA. Parei em várias estações desde a clínica geral de Silva Jardim, onde até juiz trabalhista fui, passando por Varas cíveis, Fazenda Pública, Família, Execuções Penais e Criminais. Mas foi na Vara da Infância, Juventude e do Idoso que me realizei como ser humano.
Implantado o Estatuto da Criança e do Adolescente pude fazer a diferença na vida de muitas pessoas. Abri as portas do elitista Juizado de Menores às crianças de rua e da periferia, que passaram a frequentar fruir seus espaços e serviços. Antes não podia entrar se não estivesse com camisa e calçado, passaram e ingressar com suas mazelas e sair com um pouco de seus direitos respeitados. Com uma equipe de servidores inigualável transformamos vidas, proporcionando família original ou substituta a milhares de crianças durante os 15 anos que ali estive como juiz. Hoje me despeço, saindo da magistratura para ingressar no mundo dos serviços judiciais como advogado dos pobres e vulneráveis. Saio para servir melhor ao próximo.
Siro Darlan é desembargador do TJRJ, diretor do jornal Tribuna da imprensa Livre e especialista em Direito Penal Contemporâneo e Sistema Penitenciário