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‘CASO DE RACISMO RELIGIOSO’, DIZ PRESIDENTE DA LIESA SOBRE PERDA DE PONTO DA UPM

A noite do Desfile das Campeãs, neste sábado, foi marcada por protestos. A diretoria da Viradouro, por exemplo, reclamou da avaliação da bateria do mestre Ciça. E até o presidente da Liga, Gabriel David, comentou sobre as manifestações de outra agremiação, a Unidos de Padre Miguel (UPM), rebaixada para a Série Ouro, e que também entrou com recurso contra as notas na Liesa.

— Acho que a UPM foi mal julgada. A escola apresentou um requerimento que foi aceito. Será feita uma plenária com todas as 12 escolas — informou em entrevista ao Multishow, na qual abordou a polêmica da jurada que tirou ponto do samba da vermelho e branco por excesso de palavras em iorubá.— A UPM poderá manifestar sua indignação e repudiar o caso de racismo religioso, que existiu de fato, no julgamento — completou.

Enquanto isso, a Grande Rio foi saudada com gritos de “é campeã”. Segunda colocada na apuração, a escola perdeu por 0,1 ponto justamente no quesito bateria e, depois da divulgação das justificativas das notas, entrou com um recurso na Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) para contestar o resultado.

— Houve inconsistências, e a gente não pode ignorar os fatos. Porém, não tem como ficar triste. A gente vai fazer um desfile campeão. Somos também. O povo está aclamando a Grande Rio, está cobrando — disse Paolla Oliveira, rainha de bateria.

Protestos à parte, o Desfile das Campeãs foi festivo, de de momentos emocionantes. Num deles, o homenageado da Portela, Milton Nascimento, voltou ao Sambódromo aclamado. Na Imperatriz, o carnavalesco Leandro Vieira desfilou ao lado de Renato Lage, da Mocidade, que semanas antes do carnaval havia perdido sua mulher, a carnavalesca Márcia Lage, vítima de uma leucemia. E antes dos desfiles, pelo segundo ano consecutivo, o esquenta com show de artistas da música popular. Desta vez, teve Iza, Ivete Sangalo, Leci Brandão e Zezé Motta, numa homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

Despedida Neguinho da Beija-Flor

“Faz um fá maior!”, pediu Neguinho da Beija-Flor depois do seu tradicional “beleza, beleza, beleza”, no começo do derradeiro desfile do lendário sambista à frente da azul e branco de Nilópolis. O dia já estava claro, no encerramento do Sábado das Campeãs, e a Sapucaí estava prestes a viver um daqueles momentos históricos. Eram precisamente 6h15 de ontem quando, após 50 anos de carnaval, ele soltou pela última vez seu grito de guerra na Avenida:

— Olha a Beija-Flor aí, gente!

Era o sinal para a escola iniciar a comemoração de seu 15º título, numa noite que teve ainda Grande Rio, Imperatriz, Viradouro, Portela e Mangueira. A partir dali, Neguinho seria só alegria, recebendo o carinho de símbolos da escola, como a eterna passista Pinah. Antes, no caminho até o carro de som, ele falou à TV Globo sobre sua aposentadoria:

— Este é um recorde bem difícil para qualquer um bater, ser fiel à sua escola por 50 anos, sem faltar a nenhum desfile, mesmo doente. Agora vou dar continuidade à minha trajetória na música, tenho um projeto maravilhoso com Xande de Pilares que vai sair agora, depois do carnaval.

Além do adeus ao intérprete, o público assistiu às despedidas de duas rainhas de bateria: Paolla Oliveira, da Grande Rio, e Erika Januza, que chorou várias vezes na passagem da Viradouro. Paolla chegou à concentração de mãos dadas com o mestre Fafá.

por Bernardo AraujoGeraldo Ribeiro – O Globo

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