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CARNAVAL DE SÃO PAULO HOMENAGEIA CULTURA AFRICANA, POVOS INDÍGENAS E LEGADO DE ZÉ CELSO
A segunda noite de desfiles das escolas de samba de São Paulo levou à avenida enredos que exalta a diversidade da cultura brasileira. Os temas do Grupo Especial passaram por símbolos dos povos que formaram o país a grandes nomes das artes.
No Sambódromo do Anhembi, a Vai-Vai, tradicional escola do Bixiga, prestou homenagem emocionante ao combativo dramaturgo Zé Celso Martinez Corrêa, que faleceu em 2023. O samba “O Xamã Devorado e a Deglutição Bacante de Quem Ousou Sonhar Desordem” explicitou o espírito contestador do ator e diretor.
Figura à frente da história do Teatro Oficina, na capital paulista, ele representa um aspecto importante da luta pela cultura na cidade. A escola de samba e o teatro nasceram no mesmo bairro, o Bixiga. Conhecida por ser a maior detentora de títulos do carnaval paulistano, a Vai-Vai levou ao Anhembi um carnaval ousado, como a trajetória de Zé Celso, e lembrou elementos essenciais da construção da dramaturgia brasileira.
Na avenida também houve espaço para as raízes do povo brasileiro. A Acadêmicos do Tucuruvi trouxe o enredo “Assojaba – a busca pelo manto” e contou a história do manto tupinambá, vestimenta de grande importância para a tradição indígena.
A agremiação celebrou a repatriação do manto, que ficou por mais de 380 anos na Dinamarca e foi devolvido ao Brasil recentemente. Com cores vibrantes e referências à natureza, os carros alegóricos e as fantasias foram destaque. Sem deixar a política de lado, um dos carros alegóricos trazia a imagem de um indígena segurando a cabeça de Dom Pedro I.
Já a Gaviões da Fiel apresentou um enredo que celebrou a ancestralidade africana, com o tema “Irin Ajó Emi Ojisé”, que em tradução para o português significa “a viagem do espírito mensageiro”. As máscaras tradicionais representaram o tema do início ao fim.
Com a religiosidade afro-brasileira como fio condutor do desfile, as simbologias estiveram presentes desde a comissão de frente. Ao longo da apresentação, a trajetória de Orunmilá – entidade que conecta a terra ao mundo espiritual – foi acompanhada de representações de outros Orixás, como Exu, Nanã e Xangô.
Também passou pelo Anhembi na segunda noite do Carnaval paulista a Águia de Ouro, com o enredo “Retalhos de Cetim, a Águia de Ouro do jeito que a vida quer”, uma homenagem ao cantor e compositor Benito di Paula. O artista esteve na avenida e terminou o desfile emocionado.
Outras escolas marcaram presença. A Império de Casa Verde apresentou o samba “Cantando Contos – Reinos da Literatura”, com personagens da literatura infantil mundial como tema principal. A Mocidade Alegre celebrou a fé em diversas vertentes com o tema “Quem não pode com mandinga não carrega patuá”.
Já a Estrela do Terceiro Milênio abordou a temática LGBTQIA + com o enredo “Muito além do Arco-Íris – Tire o preconceito do caminho que nós vamos passar com amor”. A escola relembrou eventos importantes para a comunidade, como a Revolta de Stonewall.
A apuração dos resultados do carnaval de São Paulo, que definirá a campeã do Grupo Especial, está marcada para esta terça-feira (4)
por Brasil de Fato