BARROSO PEDE VISTAS NO CNJ E TENTA SALVAR JUÍZES DA LAVA JATO
O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pediu vista e suspendeu o julgamento sobre a abertura de processo administrativo disciplinar (PAD) contra o ex-juiz suspeito e atual senador, Sergio Moro (União Brasil-PR), e a juíza afastada Gabriela Hardt, além do juiz Danilo Pereira Júnior e os desembargadores Thompson Flores e Loraci Flores de Lima, no âmbito da análise sobre os abusos ocorridos na Operação Lava Jato.
Além disso, Barroso votou por revogar os afastamentos de Hardt, Thompson Flores, Danilo Pereira Júnior e Loraci Flores de Lima e criticou a decisão do corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, que os afastou na segunda-feira (15): “considero que foi medida Ilegítima, arbitraria e desnecessária o afastamento dos juízes por decisão monocrática sem deliberação da maioria e sem nenhuma urgência que não pudesse aguardar 24h para ser submetida a esse plenário. Entendo que tal decisão contrariou frontalmente decisão do STF”.
Relator da reclamação disciplinar, Salomão votou, nesta terça (16), favoravelmente à abertura do PAD contra os envolvidos. Barroso, no entanto, ao suspender o julgamento sobre a abertura, afirmou que nem ele “e nem qualquer dos conselheiros aqui pode ter tido tempo de, de ontem para hoje, ter estudado este processo com a seriedade e a consciência que ele exige”.
O ministro citou as 1.160 páginas da correição, 146 páginas do relatório da correição e 26 horas de gravação de 14 depoimentos, inclusive da juíza Gabriela Hardt, como documentos impossíveis de serem analisados em tão pouco tempo. “Para se instaurar um PAD é preciso que tenhamos um acesso pessoal mínimo à documentação e à prova, que [nestas condições] nem o Super-Homem poderia ter”, ironizou.
Com a suspensão do julgamento sobre a abertura do PAD, agora o CNJ vota para decidir se mantém ou não o afastamento de Hardt e dos desembargadores.