BANDIDOS USAM ESCOLAS NO RIO PARA MONITORAR POLÍCIA, ESCONDER DROGAS E ATÉ TROCAR TIROS
Mais de 800 kg de drogas foram apreendidos em escola e clínica da família no Complexo da Maré. No Chapadão, um vídeo mostra um traficante trocando tiro com policiais em uma unidade escolar.
Criminosos têm usado a estrutura escolar para esconder drogas, observar a polícia e até para trocar tiros no Rio de Janeiro, como mostram vídeos obtidos pelo RJ2 (veja abaixo).
Na quinta-feira (29), mais de 800 kg de drogas foram apreendidas em uma escola municipal na Nova Holanda, no Complexo da Maré. No fim de semana, 1 tonelada já tinha sido retirada de outro colégio da região.
Bandidos usam escolas para monitorar polícia no Rio
Na Maré, aliás, alunos de cerca de 20 escolas da Prefeitura do Rio estão há pelo menos 2 semanas sem aulas presenciais por causa das operações de demolição do “condomínio do tráfico”, imóveis erguidos no Parque União sem aval do município nem normas segurança. Nem sempre há tiroteios, e às vezes há manifestações, mas a Secretaria Municipal de Educação tem optado por seguir o protocolo e manter as unidades fechadas.
Também na Maré, um vídeo mostra um homem armado em uma laje vizinha a um Ciep. Um fuzil também é visto no local. Outra imagem mostra pelo menos 10 homens armados na rua de um colégio na mesma comunidade — foi nessa região que traficantes foram flagrados fazendo treinamento de guerrilha no ano passado em uma piscina.
No Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, traficantes fizeram buracos em uma sala de aula para observar a movimentação policial.
No Complexo do Chapadão, um bandido foi filmado trocando tiros com a polícia no pátio de uma escola.
O que dizem especialistas
“Essa situação da violência que se instaura a partir do tráfico e da milícia, ela tem que encontrar uma alternativa diferente que coloque em primeiro lugar a proteção das nossas crianças e jovens. Porque nós estamos aprendendo todo dia e o tempo todo. A pergunta é: o que elas aprendem nessa situação? O que elas não aprendem, nós sabemos. Mas o que elas aprendem?”, pontuou André Lazaro, diretor da Fundação Santillana.
“Toda iniciativa que tem por objetivo a proteção do civil, sobretudo grupos mais vulneráveis, tem seu mérito, mas precisam ser equacionadas com a realidade porque esses espaços têm sido apropriados por esses atores. Nesses locais, as escolas funcionam como postos de observação dentro daqueles perímetros com centros de segurança”, afirmou Alessandro Visacro, especialista em segurança.
O que dizem as autoridades
“A criminalidade local usa pessoas para fazer essa movimentação toda. Em relação às escolas, [fechar] é uma decisão da Secretaria Municipal de Educação. O que eu posso dizer é que a Segurança Pública vai garantir a segurança se a escola abrir. Estamos aqui para garantir a integridade física de todo aquele que vá para a escola, aluno, professor ou funcionário”, disse Victor Santos, secretário estadual de Segurança.
“É absurdo que os criminosos não respeitem o lugar sagrado que é uma escola. Faço um clamor: Respeitem as nossas escolas nossos professores e profissionais! A nossa secretaria tem um protocolo que é referência, que analisa vários fatores, todos os dias, desde muito cedo. Relacionado a operações, guerra de facções ou qualquer cenário de instabilidade para que a gente possa focar no bom funcionamento dessas escolas sempre que possível”, justificou Renan Ferreirinha, secretário municipal de Educação.Por Leslie Leitão, Adriana Cruz, Gabriela Moreira, Marcello Victor, g1 Rio e TV Glob