ATOS LEMBRAM MORTO NA PAPUDA E PEDEM IMPEACHMENT DE MORAES
Cleriston Pereira da Cunha foi preso por envolvimento no 8 de Janeiro; PGR solicitou soltura do réu por motivos de saúde, mas pedido não foi analisado
Aliados e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realizam na tarde deste domingo (26.nov.2023) atos em memória de Cleriston Pereira da Cunha, preso por envolvimento no 8 de Janeiro que morreu no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. A manifestação também pede o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), responsável por autorizar a soltura de Cleriston.
Os atos foram convocados de última hora por aliados de Bolsonaro no sábado (25.nov), como os deputados federais Carla Zambelli (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG), além do pastor Silas Malafaia. Ao Poder360, a assessoria do ex-presidente Bolsonaro disse que ele não compareceria ao evento.
Em São Paulo, o ato foi realizado na Avenida Paulista, em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand). Teve início às 14h e reuniu Zambelli e os senadores Magno Malta (ES-PL) e Marcos Pontes (PL-SP).
Por conta da manifestação, usuários do X (antigo Twitter) subiram a tag “#PorJusticaNaPaulista”, que chegou aos assuntos mais comentados da rede social.
Apoiadores do ex-presidente também fizeram manifestações no Rio de Janeiro e em Florianópolis.
MORTE NA PAPUDA
Cleriston Pereira da Cunha morreu na manhã da última 2ª feira (20.nov) nas dependências da Penitenciária da Papuda, em Brasília. O réu, preso pelos atos do 8 de Janeiro, teve um mal súbito enquanto tomava um banho de sol, segundo a administração do presídio.
Socorristas realizaram procedimento de reanimação cardiorrespiratória, mas ele não resistiu.
Cleriston foi preso no Senado durante os eventos do 8 de Janeiro. Segundo a defesa, o acusado não participou dos atos e entrou no Congresso para se proteger das bombas de gás lançadas pelos policiais que reprimiram os atos.
Em petição encaminhada a Alexandre de Moraes em 7 de novembro, a defesa de Cleriston havia solicitado ao ministro a soltura do acusado. Segundo o advogado Bruno Azevedo de Sousa, Cleriston tinha parecer favorável da PGR (Procuradoria Geral da República) para ser solto, mas Moraes não julgou o pedido.
Eis a cronologia dos fatos:
7.jan.2023 – Cleriston Pereira da Cunha vai para o acampamento em frente ao Quartel Geral do Exército, em Brasília;
8.jan.2023 – manifestantes extremistas –incluindo Cleriston– invadem os prédios da Praça dos Três Poderes. Cleriston é preso;
27.fev.2023 – a médica Tania Maria Leite emite um laudo médico recomendando agilidade no processo de Cleriston, por conta do seu estado de saúde. Eis o que consta no laudo:
o réu não pôde comparecer a consultas em 30 de janeiro e 27 de fevereiro de 2023 por conta do “impedimento legal”;
à época, o paciente fazia tratamento reumatológico há 8 meses, por conta de um quadro de vasculite de múltiplos vasos e miosite secundária à covid-19;
em 2022, o paciente ficou internado por 33 dias por conta de complicações em decorrência da covid;
o paciente seguia fazendo uso dos seguintes medicamentos: prednisona (5mg/dia), fluoxetina (20mg/dia), propranolol (20mg/12 em 12 horas) e azatioprina (1oomg/dia);
chama a atenção para o risco de morte do réu por imunossupressão e infecções;
pede “agilidade” na resolução do processo por risco de uma eventual nova infecção por covid, que poderia agravar o estado do réu.
27.fev.2023 – André Mendonça assina decisão monocrática em que arquivou a ação da defesa de Cleriston –advogados do preso haviam entrado com um pedido de habeas corpus no TRT-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), mas o pedido foi parar no Supremo. Mendonça rejeitou conceder o habeas corpus porque a jurisprudência da Corte é a de que ministros não devem derrubar decisões de outros magistrados do mesmo colegiado e que, como Moraes havia determinado a prisão, caberia a ele, Morares, decidir sobre o caso;
17.mai.2023 – Cleriston se torna réu depois que o STF aceitou a denúncia;
1º.set.2023 – PGR emite parecer favorável para a soltura de Clerison –até a morte do réu, Moraes não havia respondido ao pedido;
7.nov.2023 – a defesa de Cleriston protocolou uma petição pedindo para que a prisão preventiva fosse convertida em domiciliar, por conta dos problemas de saúde;
20.nov.2023 – Cleriston da Cunha teve um mal súbito e morreu na penitenciária da Papuda, em Brasília. O STF não analisou a petição protocolada pela defesa em 7 de novembro.