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ARARAS-AZUIS-DE-LEAR ROUBADAS DA FAUNA BRASILEIRA SÃO RESGATADAS NO SURINAME E LEVADAS PARA O LITORAL DE SP

Além delas, sete micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia), que também foram resgatados. Governo Federal montou uma ação integrada para resgatar os animais, que estavam em uma casa abandonada.

Cinco araras-azuis-de-lear (Anodorhynchus leari), que foram roubadas e resgatadas no Suriname, chegaram nesta quarta-feira (23) ao Brasil e encaminhadas a Estação Quarentenária de Cananeia, no litoral de São Paulo. Além delas, sete micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia), que também estavam no mesmo local, foram levados para o Zoológico de Guarulhos. As duas espécies estão categorizadas como em perigo (EN) de extinção e são endêmicas do Brasil.

O roubo das araras aconteceu depois de uma denúncia de reclamação de barulho em uma casa aparentemente abandonada nos arredores de Paramaribo, na capital do Suriname. Policiais foram até o local, encontraram os animais e também indícios de que eles seriam exportados para Europa. A suspeita é de que as araras tenha chegado no Suriname pela Guiana.

Uma ação integrada foi realizada pelos Ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Justiça e Segurança Pública e Relações Exteriores para a repatriação dos animais, que são nativos da fauna brasileira. As equipes sairam de São Paulo, na última terça-feira (22), em uma aeronave da Polícia Federal.

Os animais foram resgatados por uma equipe formada por veterinários e especialistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ibama e policiais federais. A operação contou também com o apoio de instituições parceiras dos Planos de Ação Nacional para a Conservação das Espécies Ameaçadas – PANs (política pública ambiental do governo brasileiro).

“As aves e os micos estavam alojados em um serviço florestal do Suriname, de Paramaribo. Fomos lá, levamos nossas caixas de transporte, eles vieram através do avião da Polícia Federal. Chegaram em Guarulhos, foram alocadas em carros do Ibama e o ICMBio, acompanhados da Polícia Federal, e chegamos aqui (Cananeia)”, explicou Sílvia Neri Godoy, veterinária e analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE), que participou da operação.

Segundo ela, em entrevista a repórter Dione Aguiar, da TV Tribuna, as aves estão aparentemente em boas condições. Como acabaram de chegar no país, os animais ainda estão estressados e devem passar por uma avaliação comportamental e genética.

“A gente considera que a missão teve êxito, uma vez que a gente conseguiu trazer esses animais de volta e que cada indivíduo é extremamente importante”, disse Silvia.

Destino dos animais

As araras-azuis-de-lear foram levadas para Cananéia para quarentena e avaliações. Após as análises sanitárias, comportamentais e genéticas, serão destinadas ao Programa de Manejo. Mesmo aqueles indivíduos que não possam ser soltos na natureza, eles contribuirão com a conservação da espécie em seu ambiente natural.

O objetivo único é o revigoramento da população de araras-azuis-de-lear na natureza. Grupos de araras oriundos deste programa estão sendo liberados na Caatinga desde 2019 e elevaram a população no Parque Nacional Boqueirão da Onça.

Os micos ficarão em um período de quarentena no Zoológico Municipal de Guarulhos. Eles passarão por uma avaliação individual, comportamental e de saúde e, durante o período de quarentena, terão material biológico coletado para investigação de parentesco entre os indivíduos e da origem populacional.

Os sete micos passarão a fazer parte da população de segurança da espécie, que são mantidas em instituições de manejo (fora do ambiente natural) nacionais e estrangeiras. Nesses locais, todos têm sua origem e genealogia conhecidas, e são manejados de forma a garantir uma população viável do ponto de vista demográfico e genético, para liberação na natureza, onde e quando se julgar necessário. A estimativa é que existam cerca de 4.800 indivíduos da espécie.

Espécies

Segundo o governo federal, a arara-azul-de-lear é endêmica da Caatinga e, portanto, do Brasil. Ela está categorizada como em perigo (EN) de extinção, tanto na avaliação global quanto na nacional. Em Boqueirão da Onça (BA) é um dos únicos locais onde a espécie ainda persiste na natureza.

O mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) também é espécie endêmica do Brasil, com distribuição restrita a remanescentes florestais severamente fragmentados da Mata Atlântica da baixada do Rio de Janeiro. Ele também está categorizado como em perigo (EN) de extinção, tanto na avaliação global quanto na nacional.

Ambas as espécies têm populações extremamente reduzidas na natureza, cuja maior parte está restrita a Unidades de Conservação sob gestão do ICMBio: APA da Bacia do Rio São João/Mico-Leão-Dourado (RJ), APA Petrópolis (RJ), Reserva Biológica de Poço das Antas (RJ) e Reserva Biológica União (RJ), para L. rosalia; e Parque Nacional Boqueirão da Onça (BA) e Estação Ecológica Raso da Catarina (BA), para A. leari.

Por Dione Aguiar

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