Quais são os sintomas?
Geralmente a criança começa com sintomas muito parecidos com resfriado, com nariz escorrendo, tosse discreta, obstrução nasal. Já os bebês, por terem o narizinho muito pequeno, costumam ter dificuldade para mamar. Entre o terceiro e quinto dia de sintomas, a infecção pode atingir o pulmão causando a inflamação dos bronquíolos e aumento da produção de secreção: “a criança pode evoluir para uma tosse mais produtiva (com mais catarro) e mais intensa, podendo evoluir para um cansaço e dificultando a respiração. A criança fica mais ofegante, com a frequência respiratória mais alta”, explicou a pediatra.
Por volta do quinto ao sétimo dia, os sintomas tendem a ficar um pouco mais leves e a tosse vai desaparecendo devagar. Nem sempre a criança terá febre no período. “O que mais nos preocupa nos sintomas é quando ela fica muito ofegante, não consegue mamar e tem dificuldade de respirar. Esse é um dos motivos em que indicamos a internação. Outro motivo para internar é quando a criança precisa de uma oferta extra de oxigênio, quando a saturação fica abaixo de 94%”, disse Bonente.
Os sintomas da bronquiolite são um pouco diferentes dos da gripe causada pelo vírus Influenza A ou B. “No caso da gripe, a criança fica mais prostrada, com febre mais intensa, com sintomas respiratórios altos. Mas os quadros podem ser muito semelhantes e o que vai diferenciar mesmo é a coleta do exame para a realização de um painel de vírus respiratórios que vai isolar o vírus que está causando a doença.”
Circulação no ano todo
Segundo Bonente, o vírus sincicial respiratório circula o ano todo, mas costuma ser mais frequente nos meses de outono e inverno – justamente a estação do ano em que estamos agora. Por isso, os hospitais estão registrando aumento de casos.
“A circulação mais intensa do VSR normalmente começa em fevereiro e segue até julho, agosto. Em alguns anos, essa circulação do vírus foge um pouco desse período padrão, a pandemia acabou mudando um pouco essa dinâmica, mas a maior incidência ocorre nos meses de outono e inverno”, disse a pediatra.
A transmissão ocorre tanto pela via respiratória, quanto pelo contato – passa de uma pessoa para outra. “Às vezes nós adultos podemos carregar o vírus mesmo sem apresentar sintomas. Mas geralmente observamos a infecção em crianças pequenas que vão para a escola ou para a creche e também em crianças que ainda não frequentam escola, mas têm um irmão mais velho em idade escolar que leva o vírus para casa”, explicou.
É muito difícil prevenir o contato com o VSR porque às vezes os sintomas aparecem depois de a criança já estar transmitindo o vírus. Mas, crianças que fazem parte de alguns grupos de risco específicos (que incluem aquelas com doenças pulmonares graves, que nasceram prematuras extremas e aquelas que têm cardiopatias graves), podem receber um tipo de “vacina” nos meses de maior circulação do vírus.
Gabriela explicou que não se trata de uma vacina convencional, mas sim de um medicamento chamado palivizumabe que é fornecido pelo SUS e pelos planos de saúde para crianças desses grupos de risco para bronquiolite, para evitar que elas desenvolvam quadros mais graves e precisem de internação.
“São cinco doses de anticorpos que a criança do grupo de risco deve tomar uma vez por mês para tentar combater o vírus com mais eficiência, caso ela tenha contato. Não é uma vacina propriamente dita, mas é uma dose a mais de anticorpos para ajudar a combater o agente e evitar possíveis complicações”, explicou Bonente.
Quando a criança já está doente, os médicos recomendam que os pais façam a lavagem nasal adequada por causa da obstrução das vias aéreas: “o bebezinho depende muito da respiração nasal e a lavagem feita corretamente é muito importante. É importante também fazer a inalação porque as partículas do soro fisiológico chegam dentro do pulmão ajudando a aliviar”, disse.
Outra medida que ajuda na recuperação mais rápida da bronquiloite é manter a criança hidratada e bem alimentada. “Esse é um quadro que costuma dar mais trabalho porque não tem muito o que ser feito além de tentar aliviar os sintomas. Não existem xaropes para bronquiolite, não existem antivirais. Tudo o que fazemos são medidas de suporte para esperar o nosso organismo combater o vírus”, finalizou a médica.
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