VENDEDOR DE YAKISOBA SUSPEITO DE FEMINICÍDIO É PRESO EM SÃO PAULO


Foi preso nesta segunda-feira (16) em Carapicuíba (SP) o chinês Zhaohu Qiu, de 35 anos, conhecido como “Xau”, suspeito de matar e ocultar o corpo de Marcelle Julia Araújo da Silva, 18 anos, em uma casa na comunidade Beira Rio, na Pavuna (Zona Norte do Rio) .

A prisão temporária foi decretada no domingo (15) pelo Tribunal de Justiça do Rio, após a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC-RJ) colher indícios de premeditação. O desfecho se deu graças ao trabalho integrado entre as polícias Civil do Rio e de São Paulo

O crime
Marcelle esteve desaparecida desde a madrugada de quinta-feira (12/6). Imagens de câmeras mostram a jovem chegando de bicicleta à casa de Zhaohu, no dia 11 à noite. Na manhã seguinte, o suspeito deixa o local com um carrinho coberto por lona azul — a mesma encontrada no corpo, envolto em lona e esquecido em obra da casa, já mutilado por cães pit bull


Testemunhas relataram que os cães atacaram o cadáver dentro do imóvel do suspeito, que era dono de um trailer de yakisoba no Jardim América e mantinha proximidade com a família da jovem, a quem chamavam de “amiga próxima”

A tia-avó de Marcelle afirmou que Zhaohu apresentava comportamento de obsessão não correspondida, com “muitas fotos dela no celular”

O encontro e prisão

A prisão ocorreu após análise de diálogos: nas ligações feitas pela família, o suspeito alegou que Marcelle havia voltado para casa, ou estava dormindo e trabalhando na Cidade de Deus — afirmações desmentidas pelas capturas de vídeo .

Zhaohu foi localizado em Carapicuíba e, segundo a CNN, levado ao 77º DP local, onde confessou parcialmente o crime, mas negou que tenha intencionalmente jogado o corpo aos cães — uma versão contradita pelas evidências

O que acontece agora?
O Disque Denúncia já retirou os cartazes com imagem do suspeito, substituídos pela confirmação da prisão

As investigações em curso pela DHC-RJ avançam para esclarecer circunstâncias do crime, responsável pela morte de Marcelle — e sua brutal ocultação de corpo.

Autoridades reforçam que foi crime motivado por sentimento e reiteram gravidade do feminicídio, típico de violência de gênero.

Nesta terça-feira (17), aguarda-se a apresentação do suspeito em audiência de custódia e novos depoimentos de familiares e testemunhas para embasar a futura denúncia por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

Este episódio mostra como a união entre estados é essencial para efetividade na Justiça. A prisão de “Xau” traz um alivio, mas não ameniza o horror da barbárie que ceifou a vida de Marcelle.

Como prevenir o feminicídio: sinais, proteção e mobilização urgente
A morte brutal de Marcelle Julia Araújo da Silva, aos 18 anos, não pode ser tratada como exceção ou tragédia isolada. O Brasil registra uma média de um feminicídio a cada sete horas, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. São mortes anunciadas, precedidas de sinais ignorados, silenciamentos e omissões.

Especialistas apontam que muitos agressores não surgem de repente: eles seguem padrões de obsessão, controle, ciúme desmedido, que costumam ser visíveis em atitudes como:

insinuações constantes de posse (“você é minha”);

perseguição digital ou física;

tentativa de afastamento da vítima de amigos e familiares;

uso de violência verbal, moral ou psicológica.

No caso de Marcelle, amigas relataram que o suspeito tinha comportamento obsessivo, mantendo várias fotos da jovem no celular, mesmo sem relacionamento afetivo. Esse é um alerta clássico de risco, que muitas vezes é banalizado ou romantizado como “zelo” ou “interesse”.

O que fazer ao perceber sinais
É fundamental que vítimas e familiares:

denunciem imediatamente no Disque 180 (Central de Atendimento à Mulher);

busquem proteção por meio de medidas cautelares da Justiça (como a Lei Maria da Penha prevê);

procurem delegacias especializadas ou Defensorias Públicas;

se sintam acolhidas para não desistirem de romper o ciclo da violência.

Responsabilidade coletiva
Prevenir o feminicídio é dever do Estado, mas também exige a mobilização de toda a sociedade. A educação nas escolas, campanhas permanentes, cobertura responsável da imprensa e redes de apoio são fundamentais para que mulheres não morram por serem mulheres.

Marcelle, assim como tantas outras, tinha sonhos, juventude e futuro. Sua morte brutal nos obriga a reagir. E a exigir que nenhuma outra voz feminina seja calada pela violência.

Por Gazeta Rio


Comments (0)
Add Comment