A Volkswagen registrou uma queda de 14,8%, enquanto Stellantis e Renault tiveram retrações ainda mais acentuadas, de 29,5% e 13,9%
As vendas de carros novos na União Europeia atingiram em agosto o menor nível dos últimos três anos, com uma queda de 18,3%, informou a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA). A redução nas vendas foi impulsionada por perdas expressivas nos principais mercados do bloco, como Alemanha, França e Itália. Este cenário reflete a crise enfrentada pelo setor automotivo europeu, que continua abaixo dos níveis pré-pandemia.
De acordo com dados divulgados na quinta-feira pela ACEA, as vendas de carros totalmente elétricos despencaram 43,9% em agosto, marcando o quarto mês consecutivo de queda. A Alemanha, o maior mercado de veículos elétricos da região, registrou uma impressionante queda de 68,8%, enquanto a França também sofreu uma retração significativa, de 33,1%. “O mercado europeu de carros elétricos está em uma fase crítica, enfrentando não apenas a redução de incentivos governamentais, mas também o aumento de tarifas para conter a entrada de veículos elétricos chineses a preços mais baixos”, disse um porta-voz da ACEA.
Impacto das Políticas e Mudanças no Mercado
O declínio nas vendas de veículos elétricos reflete, em parte, políticas divergentes sobre incentivos verdes. Enquanto algumas nações europeias reduziram os subsídios, outros países, como a Alemanha, buscam formas alternativas de estimular o mercado. Em setembro, o governo alemão introduziu uma dedução de impostos de até 40% para empresas na compra de veículos elétricos, uma medida para compensar o fim de um programa de subsídios que vigorou até o ano passado.
“Estamos observando um movimento em direção aos carros híbridos, que oferecem um meio-termo acessível entre os veículos totalmente à combustão e os elétricos”, explica a ACEA, ressaltando que as vendas de híbridos cresceram 6,6% em agosto, alcançando uma participação de mercado de 31,3%.
Quedas Significativas nas Montadoras e Perspectivas
As três maiores montadoras da Europa também enfrentaram quedas nas vendas em comparação ao ano anterior. A Volkswagen registrou uma queda de 14,8%, enquanto Stellantis e Renault tiveram retrações ainda mais acentuadas, de 29,5% e 13,9%, respectivamente. A Tesla, fabricante americana de carros elétricos, viu suas vendas caírem 43,2%, e a chinesa SAIC Motor sofreu uma queda de 27,5%.
O grupo de campanha Transport & Environment projetou que, apesar das quedas atuais, os veículos totalmente elétricos podem alcançar uma participação de mercado entre 20% e 24% até 2025, impulsionados por preços de venda mais baixos. Contudo, a perspectiva para o mercado automotivo europeu permanece incerta. “A recuperação das vendas de veículos, especialmente os elétricos, dependerá de políticas públicas consistentes e da confiança do consumidor em adotar a transição verde”, conclui o relatório da ACEA.
Essa desaceleração coloca os fabricantes de automóveis em alerta, pois a demanda ainda está abaixo dos níveis pré-COVID-19 e a recuperação não parece próxima. As montadoras terão que continuar se ajustando a um cenário volátil e a uma mudança nas preferências dos consumidores.
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