Nos 100 primeiros dias de governo, o Ministério da Saúde, sob gestão de Nísia Trindade, demonstrou grandes contrastes em relação aos comandos anteriores da pasta. Logo de início, lançou o Movimento Nacional pela Vacinação, para recuperar as coberturas vacinais do país, em queda crescente desde 2016.
O esforço destoa do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), marcado pelas trocas intensas no comando do ministério em meio à emergência sanitária da Covid-19, pelo atraso na compra de imunizantes contra a doença e nas falas públicas que desacreditaram a ciência, as vacinas e as medidas de proteção não-farmacológicas, como distanciamento social e o uso de máscaras.
No discurso de posse, Nísia anunciou a revogação de portarias e notas técnicas que, segundo ela, “ofendem a ciência, os direitos humanos, os direitos sexuais reprodutivos”. O ministério suspendeu alterações na caderneta da gestante que incentivavam a episiotomia e a manobra Kristeller, práticas reconhecidas como violência obstétrica, além de revogar a obrigatoriedade de apresentar prescrição médica para retirar medicamentos no programa Farmácia Popular e reinstituir a Rede Cegonha.
O início de gestão também foi marcado pela reabertura do Mais Médicos para o Brasil, alvo de fortes críticas pelo governo anterior. O programa oferecerá 15 mil vagas em 2023, priorizando profissionais formados no país, com validação de diplomas de medicina de brasileiros formados no exterior.
Movimento pela Vacinação
O Movimento Nacional pela Vacinação começou pela imunização contra a Covid-19, com aplicação da vacina bivalente em públicos prioritários, e se amplia para aumentar a cobertura em toda a população. Em abril, se inicia a tradicional campanha contra a influenza para grupos selecionados, e em maio a multivacinação de poliomielite e sarampo de crianças nas escolas.
Em parceria com o Ministério da Educação (MEC), a Saúde fará um esforço para vacinar crianças nas escolas contra poliomielite e sarampo, também com o objetivo de atualizar os cartões de vacinação. Crianças e adolescentes também serão o público-alvo de uma iniciativa posterior para aumentar a cobertura com o imunizante contra o papiloma humano, conhecido como HPV.
Emergência de saúde Yanomami
No fim de janeiro, o ministério da Saúde declarou emergência de saúde pública na terra indígena Yanomami, em Roraima. Técnicos da pasta resgataram oito crianças em estado grave de desnutrição e malária.
O governo federal se mobilizou para prestar assistência à região e fazer a retirada dos garimpeiros ilegais. Agentes do controle de endemias e voluntários da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS) foram enviados para atuar no socorro aos indígenas, fortalecendo a testagem contra malária, o combate à desnutrição e a vacinação.
Outros programas anunciados
Entre as outras iniciativas anunciadas nos primeiros dias de governo, o ministério anunciou também, no início de fevereiro, um programa para reduzir as filas de cirurgias eletivas, represadas durante a pandemia da Covid-19.
No Dia Internacional da Mulher, junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a ministra Nísia Trindade assinou decreto para garantir o fornecimento de absorventes a mulheres de baixa renda.
Por Mariah Aquino