A Unidos de Padre Miguel, com o enredo “Egbé Iyá Nassô”, presta uma homenagem à história do primeiro terreiro de Candomblé do Brasil, destacando a resistência do povo negro e a força das mulheres africanas na luta pela fé e identidade. O RJ1 acompanhou um ensaio de rua da escola.
O enredo conta a história de Iyá Nassô, uma princesa negra escravizada que, junto com suas irmãs, decide enfrentar a guarda imperial para libertar seus filhos da revolta.
Comemorando os 200 anos do terreiro Casa Branca do Engenho Velho, a escola destaca o papel fundamental das mulheres, tanto no Candomblé quanto na direção da Unidos de Padre Miguel, refletindo sobre a importância do poder feminino nas religiões de matriz africana. Este enredo também reforça a conexão com a comunidade da Vila Vintém, uma “pequena África”, conforme dito pelos carnavalescos.
O desfile trará, ainda, a energia e o empenho da escola, que agora compete no Grupo Especial. A Unidos de Padre Miguel quer mostrar sua força e representatividade, celebrando o poder da harmonia, o samba e a luta cultural.
“A direção de harmonia é responsável por todo desfile, a gente controla tempo, evolução, apresentação de casal, bateria no box, então… dizem que a bateria é o coração, a harmonia é o pulmão da escola”, segundo o diretor de harmonia Marcelo Marques.
“A gente esperou tanto tempo por isso e viemos para mostrar que estamos num lugar que a gente deveria estar há muito tempo, no meio das gigantes”, afirmou um dos membros da escola.
Confira o Samba enredo
Awurê Obá kaô! Awurê Obá kaô!
Vila Vintém é terra de macumbeiro!
No meu Egbé governado por mulher
Iyá Nassô é rainha do candomblé!
Eiêô! Kaô kabesilê Babá Obá!
Couraça de fogo no orô do velho ajapá
A raça do povo do Alafin, e arde em mim
Rubro ventre de Oyó
Na escuridão nunca andarei só
Vovó dizia: Sangue de preto é mais forte que a travessia!
Saudade que invade!
Foi maré em tempestade
Sopra a ancestralidade no mar (ê rainha)
Preceito é herança sem martírio
Airá guarda seus filhos no ilê da Barroquinha
É a semente que a fé germinou, Iyá Adetá
O fruto que o axé cultivou, Iyá Akalá
Iyá Nassô, ê Babá Assika
Iyá Nassô, ê Babá Assika
Vou voltar mainha, eu vou
Vou voltar mainha, chore não
Que lá na Bahia
Xangô fez revolução
Oxê, a defesa da alma na palma da mão
No clã de Obatossi
Há bravura de Oxóssi no meu panteão
É d’Oxum o acalanto que guarda o otá
Do velho engenho, xirê que mantenho no meu caminhar
Toca o adarrum que meu orixá responde
Olorum, guia o boi vermelho seja onde for
Gira saia aiabá, traz as águas de Oxalá
Justiça de Ogodô, tambor guerreiro firma o alujá