Crise impacta o futuro dos estudantes e põe em risco quem circula pelos campi. O teto do Centro de Ciências da Saúde, localizado na Ilha do Fundão, Zona Norte do Rio, desabou na segunda-feira (4) por conta de um vazamento em um laboratório
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) enfrenta uma grave crise financeira que afeta diretamente seus alunos e a segurança nos campi. Nesta segunda-feira (4), o teto do Centro de Ciências da Saúde, localizado na Ilha do Fundão, desabou devido a um vazamento em um laboratório no andar superior. Embora ninguém tenha se ferido, o incidente ilustra a precariedade da infraestrutura da universidade.
Em maio, outro episódio evidenciou a deterioração das instalações da UFRJ, quando as aulas da escola de Educação Física foram suspensas após o desabamento de uma marquise. Esses incidentes são sintomas de um problema maior: a falta de recursos. Segundo a UFRJ, a universidade necessita de mais de R$ 520 milhões anuais para cobrir custos básicos como água, luz, limpeza e segurança, mas, em 2024, recebeu apenas R$ 308 milhões do Governo Federal, resultando em um déficit de mais de R$ 200 milhões.
O pró-reitor de planejamento, Hélios Malebranche, alerta que além do déficit financeiro, a UFRJ enfrenta um “déficit de serviços”, o que impede a manutenção adequada dos prédios, comprometendo a segurança e a prevenção de incêndios. A maior universidade do Brasil, com mais de 70 mil alunos e 20 mil funcionários, está à beira de um colapso financeiro. Contas de água e luz estão atrasadas, e há riscos iminentes de cortes de fornecimento, o que agrava ainda mais a situação.
A crise também afeta a vida acadêmica e o bem-estar dos estudantes. Muitos enfrentam a falta de alimentação básica, como o café da manhã, e lidam com a precariedade das instalações. Problemas de acessibilidade são recorrentes, como relatado pela estudante Regina Montenegro, que enfrenta dificuldades para se locomover no campus.
A situação precária da UFRJ também impacta a preservação do patrimônio cultural. O jardim projetado por Roberto Burle Marx na Escola de Arquitetura e Belas Artes está abandonado devido à falta de manutenção. Além disso, obras de novos prédios, como o do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) e uma residência estudantil, estão paradas desde 2018.
Mesmo diante de tantos desafios, os estudantes da UFRJ persistem em sua jornada acadêmica. O Ministério da Educação (MEC) afirma ter repassado R$ 430 milhões à UFRJ em 2024, mas a universidade argumenta que parte dessa verba está vinculada a destinos específicos, não cobrindo o custeio total necessário para seu funcionamento.