Moscou foi alvo do maior ataque de drones realizado pela Ucrânia desde o início do conflito entre os dois países, segundo informações divulgadas por autoridades russas nesta terça-feira (11).
De acordo com a agência Reuters, pelo menos 91 drones foram abatidos na região da capital russa, resultando em uma morte, três feridos e a suspensão de voos em aeroportos locais. O ataque, que ocorreu ao amanhecer, causou incêndios e danos significativos em áreas residenciais, além de forçar a evacuação de moradores em um distrito a sudeste do Kremlin.
O governador da região de Moscou, Andrei Vorobyov, confirmou os estragos em uma publicação no Telegram, acompanhada de uma foto que mostra um apartamento destruído com janelas quebradas. “Pelo menos uma pessoa morreu e três ficaram feridas”, afirmou Vorobyov, acrescentando que alguns residentes do distrito de Ramenskoye, localizado a cerca de 50 km do Kremlin, tiveram que deixar suas casas temporariamente. Apesar dos danos, não houve sinais de pânico na capital, com moradores seguindo suas rotinas normalmente.
Defesas russas em alerta máximo
O prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, destacou que as defesas aéreas da cidade conseguiram repelir o que chamou de “o ataque mais massivo de UAVs (veículos aéreos não tripulados) inimigos contra Moscou”. A capital russa e seus arredores, que abrigam mais de 21 milhões de pessoas, são protegidas por uma complexa rede de defesas aéreas e “guarda-chuvas” eletrônicos, projetados para interceptar drones antes que atinjam alvos estratégicos. No entanto, a escala do ataque desta terça-feira evidenciou a capacidade da Ucrânia de atingir o coração da Rússia.
Além dos 91 drones abatidos na região de Moscou, o Ministério da Defesa russo informou que um total de 337 drones ucranianos foram interceptados em todo o território russo, incluindo 126 na região de Kursk, onde as forças russas tentam cercar milhares de soldados ucranianos. A ofensiva ocorre em um momento delicado, já que autoridades ucranianas se preparam para discutir possíveis negociações de paz com representantes dos Estados Unidos na Arábia Saudita.
Os ataques também tiveram impacto significativo na aviação civil. Os voos foram suspensos em todos os quatro aeroportos de Moscou, além de dois outros nas regiões de Yaroslavl e Nizhny Novgorod, a leste da capital. A medida foi tomada para garantir a segurança aérea após os ataques, que ocorreram durante o horário de pico da manhã.
A guerra entre Rússia e Ucrânia, que já dura três anos, tem sido marcada por uma combinação de táticas tradicionais, como artilharia pesada e trincheiras, com o uso intensivo de drones. Kiev, que sofreu repetidos ataques de drones russos, tem buscado retaliar com ofensivas semelhantes, mirando refinarias de petróleo, campos de aviação e até estações de radar estratégicas na Rússia. Essa “guerra dos drones” tem redefinido o campo de batalha, destacando a importância da tecnologia em conflitos modernos.
Cenário político e perspectivas de paz
Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirma buscar uma solução pacífica para o conflito, a situação no terreno parece distante de qualquer resolução imediata. A Rússia continua sua ofensiva na região de Kursk, enquanto a Ucrânia intensifica seus ataques no interior do território russo. A escalada recente sugere que, apesar dos esforços diplomáticos, a guerra está longe de terminar, com ambos os lados buscando vantagens estratégicas antes de qualquer possível negociação.
O ataque desta terça-feira reforçou a complexidade de um conflito que combina elementos do passado e do futuro da guerra. Enquanto os drones continuam a desempenhar um papel central, a população de ambos os países enfrenta as consequências de uma guerra que já é considerada a maior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
por José Reinaldo – 247