TRUMP VOLTA A AMEAÇAR RETOMAR CONTROLE DO CANAL DO PANAMÁ

Presidente dos Estados Unidos alerta que se o país não o recuperar, “algo muito poderoso vai acontecer”

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, renovou sua promessa de “recuperar” o Canal do Panamá no domingo (2), alertando sobre a ação “poderosa” dos EUA em uma disputa diplomática crescente com o país centro-americano sobre a presença da China em torno da hidrovia importante.

 “A China está administrando o Canal do Panamá que não foi dado à mesma, mas sim ao Panamá tolamente e eles violaram o acordo, nós vamos tomá-lo de volta, ou algo muito poderoso vai acontecer”, comentou Trump aos repórteres.

Horas antes, a agitação diplomática causada pelo desejo repetido e publicamente declarado de Trump de que os EUA retomassem o controle do canal pareceu diminuir depois que o secretário de Estado Marco Rubio, fazendo sua primeira viagem ao exterior como o principal diplomata dos EUA, se encontrou com o presidente do Panamá, Raúl Mulino.

Embora Mulino tenha dito a Rubio que a soberania do Panamá sobre o canal não estava em debate, ele também disse que havia abordado as preocupações de Washington sobre a suposta influência de Pequim ao redor da hidrovia.

O Panamá não renovaria um memorando de entendimento de 2017 para se juntar à iniciativa de desenvolvimento no exterior da China, conhecida como iniciativa Cinturão e Rota, comentou Mulino, sugerindo também que o acordo com Pequim poderia terminar mais cedo.

O presidente relatou a repórteres que o Panamá buscará trabalhar com os EUA em novos investimentos, incluindo projetos de infraestrutura.

“Acho que esta visita abre as portas para construir novas relações… e tentar aumentar o máximo possível os investimentos dos EUA no Panamá”, afirmou ele.

Durante a reunião, Rubio disse ao presidente do Panamá e Ministro das Relações Exteriores Javier Martínez-Acha que as preocupações com o “controle” da China sobre o Canal do Panamá podem significar que os EUA têm que “tomar as medidas necessárias para proteger seus direitos” em um tratado de longa data sobre a neutralidade e operação do canal.

O canal foi devolvido ao Panamá sob um tratado de 1977, que permite aos EUA intervir militarmente se as operações da hidrovia forem interrompidas por conflito interno ou uma potência estrangeira.

Hoje, muito mais carga passa pelo canal do que durante os anos em que os Estados Unidos o controlava.

Mulino disse no domingo (2) que não acha que haja um risco real de que os EUA usem força militar para retomar o canal.

‘O Panamá não investirá um único dólar nisso’

Mulino também falou que as autoridades panamenhas estão realizando uma auditoria em uma empresa ligada à China que opera dois terminais ao redor do canal.

“Temos que esperar até que a auditoria termine antes de podermos chegar às nossas conclusões legais e agir de acordo”, comentou Mulino.

A empresa em questão é a Panama Ports Company, parte de uma subsidiária do conglomerado CK Hutchison Holdings, sediado em Hong Kong.

A Hutchinson Ports é uma das maiores operadoras portuárias do mundo, supervisionando 53 portos em 24 países, incluindo para outros aliados dos EUA, como Reino Unido, Austrália e Canadá.

Como a CNN relatou anteriormente, a Hutchison não controla o acesso ao Canal do Panamá. Os trabalhadores em seus dois portos apenas carregam e descarregam contêineres em navios e os abastecem com combustível.

Três outros portos nas proximidades do canal são operados por empresas concorrentes que fornecem serviços semelhantes.

O presidente do Panamá também disse que as autoridades falaram com Rubio sobre a possibilidade de expandir um programa de voo de repatriação de imigrantes para remover estrangeiros que não têm base legal para estar no Panamá, insistindo que os EUA teriam que arcar com os custos.

Solicitado a esclarecer se os imigrantes viriam para o Panamá e depois seriam transferidos para seus respectivos países, Mulino falou: “Sim. Exatamente… Podemos fazer isso, sem problemas, sob o custo total dos EUA. O Panamá não investirá um único dólar nisso.”

O programa, assinado em julho, visa reduzir a imigração irregular através do Darien Gap, uma região montanhosa de floresta tropical que conecta a América do Sul e a América Central.

A caminhada de 106 quilômetros através do Darien traz imigrantes da Colômbia para o Panamá e é uma passagem crucial para aqueles que esperam chegar aos Estados Unidos e Canadá.

Mulino disse no domingo (2) que os repatriados podem incluir imigrantes da Venezuela, Colômbia, Equador e outros países.

Por Samantha Waldenberg e Michael Rios- CNN

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