Meta do presidente dos EUA ultrapassaria recorde histórico de deportações
Durante o primeiro ano do novo mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, o governo norte-americano estabeleceu como meta deportar até um milhão de imigrantes indocumentados. A informação foi publicada neste sábado (13) pelo The Washington Post, que cita fontes internas da administração republicana.
Caso seja implementado, o número representaria mais do que o dobro do maior total de deportações já realizado em um único ano no país: mais de 400 mil, durante o governo de Barack Obama. A promessa de deportações em massa fez parte da plataforma de campanha de Trump e agora ganha corpo com articulações internas lideradas por Stephen Miller, conselheiro de segurança interna da Casa Branca. Segundo o jornal, Miller tem mantido reuniões diárias com o Departamento de Segurança Interna (DHS) e outras agências federais para definir as estratégias que viabilizem a meta.
Ainda segundo o Post, uma das possibilidades consideradas pelo governo envolve a deportação dos 1,4 milhão de imigrantes indocumentados que já possuem ordens finais de remoção emitidas pela Justiça, mas cujas expulsões não foram concretizadas devido à negativa dos países de origem em recebê-los de volta.
Diante desse obstáculo, o governo Trump estaria negociando com ao menos 30 países a aceitação de indivíduos mesmo que não sejam seus cidadãos. Já foram iniciadas, inclusive, transferências para países terceiros como México, Costa Rica e Panamá — uma estratégia que especialistas consideram juridicamente controversa e eticamente questionável.
O plano de deportações em massa, em um país que abriga cerca de 11 milhões de imigrantes sem documentação regular, é visto com ceticismo por analistas de segurança, autoridades policiais e estudiosos da área migratória. A principal crítica é quanto à viabilidade prática do projeto. Obstáculos legais, desafios logísticos e escassez de efetivo policial figuram entre os entraves mais apontados.
Segundo fontes ouvidas pelo Washington Post, o próprio aparato de imigração dos EUA, que já enfrenta problemas de infraestrutura e sobrecarga, teria dificuldade em dar conta de operações em escala tão ambiciosa. “Remover um milhão de pessoas exige um nível de coordenação, recursos e aceitação diplomática que simplesmente não existe hoje”, comentou um ex-funcionário do DHS, sob condição de anonimato.
Além disso, há uma preocupação crescente entre defensores dos direitos humanos e entidades de apoio a imigrantes quanto ao impacto social e humanitário que ações dessa magnitude podem causar. Famílias separadas, deportações sumárias sem devido processo legal e violações de direitos fundamentais são algumas das consequências previstas por organizações da sociedade civil.
Apesar das incertezas e resistências, o governo Trump segue determinado a cumprir sua promessa de campanha. Em declarações públicas anteriores, o presidente já afirmou que “as leis de imigração dos EUA são uma vergonha” e que “a única solução é a deportação em massa”. A declaração ecoa sua retórica endurecida sobre o tema, que busca mobilizar sua base política com discursos de segurança e soberania nacional.
A proposta de deportar um milhão de pessoas reacende o debate sobre o papel dos Estados Unidos como país de imigração e sobre os limites da autoridade executiva em matérias que envolvem direitos civis, tratados internacionais e relações diplomáticas. Se por um lado a meta pode agradar setores mais conservadores e anti-imigrantes, por outro, promete acirrar ainda mais as tensões internas e internacionais envolvendo a política migratória dos EUA.
Por Brasil 247