Projeto do trem-bala Rio-SP prevê viagem em 105 minutos, passagens a R$ 500 e operação a partir de 2032. Investimento estimado é de R$ 60 bilhões, com apoio de parceiros internacionais.
O projeto do trem-bala entre Rio de Janeiro e São Paulo, que pretende conectar as duas principais capitais do país em 105 minutos, teve novos detalhes revelados pelo CEO da TAV Brasil, Bernardo Figueiredo. Com previsão de início de operação em 2032, o plano estima R$ 60 bilhões em investimentos para viabilizar os 417 quilômetros de trajeto, com trens que atingirão até 320 km/h. As informações são da Exame.
Segundo Figueiredo, o valor estimado da passagem por trecho será de R$ 500. Quem fizer o trajeto completo de ida e volta deve desembolsar R$ 1.000. Viagens intermediárias, como para Volta Redonda (RJ) ou São José dos Campos (SP), terão custo de R$ 250 por trecho. O projeto prevê a construção de quatro estações: Rio, São Paulo, Volta Redonda e São José dos Campos, com os pontos exatos ainda sujeitos à aprovação das prefeituras.
A TAV Brasil é a empresa autorizada pelo governo a construir e explorar o serviço por 99 anos, amparada pelo marco legal ferroviário aprovado em 2021, que permite a execução por meio de autorização privada, sem necessidade de licitação pública.
Figueiredo explicou que tentativas anteriores, durante os governos petistas, fracassaram por falta de propostas viáveis. Agora, a empresa aposta em uma estrutura sustentável, com exploração imobiliária no entorno das estações, medida que pode gerar R$ 27,3 bilhões em receita adicional. A legislação permite desapropriações e desenvolvimento de centros comerciais, hotéis e residenciais próximos às linhas, nos moldes de experiências bem-sucedidas em países como a Coreia do Sul
Com potencial de impulsionar a economia de duas regiões que concentram 38 milhões de habitantes e 30% do PIB nacional, o projeto estima gerar R$ 168 bilhões em impacto econômico, 130 mil empregos diretos e indiretos e R$ 46 bilhões em arrecadação de impostos até 2055.
Atualmente, a TAV Brasil trabalha na conclusão do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), com prazo até o fim de 2026. Paralelamente, Figueiredo negocia com empresas chinesas, espanholas e fundos árabes para viabilizar o aporte bilionário necessário. Os nomes dos potenciais parceiros são mantidos sob sigilo devido a acordos de confidencialidade.
“Estamos em conversas com os espanhóis, que têm vasta experiência, com empresas chinesas que oferecem soluções completas e com fundos árabes. Podemos fechar com um ou combinar os três”, disse Bernardo Figueiredo.
A expectativa, segundo ele, é que o governo federal reconheça o projeto como prioritário e o inclua no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que facilitaria etapas de licenciamento, desapropriação e financiamento. O pedido já foi enviado ao Ministério dos Transportes, que avalia o pleito.
Se cumprido o cronograma, o trem-bala Rio-SP poderá enfim deixar o papel, oito décadas após o pioneiro japonês entre Tóquio e Osaka, e duas décadas depois do início das tentativas no Brasil.