April Burrell teve uma manifestação rara de lúpus no cérebro e ficou mais de duas décadas afastada da realidade. Caso ocorreu nos EUA
Após ficar 20 anos em estado catatônico, uma mulher americana conseguiu despertar ao ser submetida a uma nova abordagem de tratamento. Seu estado era de desligamento da realidade já que ela não tinha consciência do que a circundava devido a alucinações constantes.
O caso ocorreu em 2019, mas a identidade da paciente só foi revelada na quinta-feira (1º/6), em reportagem do jornal The Washington Post. Trata-se de April Burrell, que este ano completará 50 anos e entrou em estado catatônico aos 21 anos.
Aluna promissora no ensino médio, ela teria desenvolvido uma esquizofrenia aos 21 anos e estava hospitalizada desde o ano 2000. Os médicos achavam que o distúrbio psicológico era responsável pelo alheamento dela em relação à realidade.
Por quase de 20 anos, a mulher não respondia a estímulos, não reconhecia parentes, não caminhava e nem conseguia ir ao banheiro sozinha. Além do quadro de esquizofrenia, os médicos descobriram que ela tinha quadro raro de lúpus, a doença autoimune atacava especificamente o cérebro dela.
“Ela foi a pessoa mais doente que conheci em minha experiência médica. Era assustador porque ela ficava parada por horas, se balançando e balbuciando sem conseguir se expressar”, afirmou o psiquiatra Sander Markx, em uma palestra na Universidade de Columbia.
O que é o lúpus?
O lúpus é uma doença inflamatória autoimune, que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, como pele, articulações, rins e cérebro. Em casos mais graves, se não tratada adequadamente, a doença pode matar. Não se sabe ao certo o que causa o lúpus, mas suas manifestações são precedidas de gatilhos hormonais, infecciosos ou ambientais.
Os sintomas podem também variar de acordo com as partes do corpo afetadas. Quando ataca o cérebro, a doença causa cefaleia, dormência, formigamento, convulsões, problemas de visão e até alterações de personalidade.
O tratamento
O psiquiatra Sander Markx desenvolveu uma abordagem nova para o caso da paciente. O tratamento foi feito com injeções intravenosas de hormônios aplicadas a cada cinco dias. Além disso, remédios imunosupressivos são administrados para evitar a reação exagerada do sistema imunológico dela. Na primeira fase do tratamento, April já tinha mostrado melhoras.
Um dos testes usados para avaliar o tratamento foi pedir que a paciente desenhasse um relógio. Após um mês de aplicações, no terceiro ciclo, o desenho passou de indecifrável a um trabalho considerado compatível com uma pessoa sem demência.
Teste de demência, mulher em estado catatônicoTeste de demência, mulher em estado catatônico
Teste de demência mostra progressão do tratamento em um mês de mulher que vivia delirando 24 horas por dia
Aos 47 anos, April teve alta médica e voltou a viver com a família. Ela ainda tem crises eventuais de esquizofrenia e de lúpus que a obrigam a internações, mas não com a gravidade anteriormente apresentada.
Por Bruno Bucis – Poder360