Recursos visam reflorestar mais de 260 mil hectares e gerar receita por meio da exploração de madeira e da emissão de créditos de carbono
O Timberland Investment Group (TIG), braço de investimentos florestais do BTG Pactual, alcançou um marco significativo ao captar US$ 500 milhões para seu fundo de reflorestamento na América Latina. Segundo o Reset, os recursos serão usados para reflorestar mais de 260 mil hectares, com metade da área dedicada à restauração de ecossistemas nativos e a outra metade destinada a florestas comerciais, como pinus e eucalipto. O objetivo é gerar receita por meio da exploração de madeira e da emissão de créditos de carbono.
A operação, lançada há três anos, já está em curso no Cerrado brasileiro, bioma que apresenta altas taxas de degradação. Desde o fim de 2022, a empresa investiu em 46 mil hectares no Mato Grosso do Sul, quase 20% da meta estabelecida. Para 2025, o plano inclui restaurar 10 mil hectares, segundo Mark Wishnie, diretor de sustentabilidade do TIG.
“Estamos sendo muito criteriosos na escolha das áreas porque esses projetos demandam permanência de pelo menos 15 anos”, destacou Wishnie, de acordo com a reportagem..
Embora a Amazônia concentre a maior parte dos projetos de créditos de carbono no Brasil, o Cerrado se tornou um foco estratégico devido à sua elevada degradação e sensibilidade às mudanças climáticas. Entre 2023 e 2024, a região enfrentou aumento de 23% no desmatamento e a maior seca registrada em séculos, agravada por focos de incêndio.
Segundo Wishnie, o Cerrado oferece condições ecológicas favoráveis para restauração em grande escala, além de propriedades com áreas maiores do que outros biomas, como a Mata Atlântica. Apesar das vantagens, os desafios técnicos permanecem. “Ninguém antes tentou restaurar florestas nesta escala no Cerrado. Estamos desenvolvendo técnicas para equilibrar custo e resultado”, disse o executivo.
O TIG trabalha em conjunto com o Laboratório de Restauração Florestal da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a ONG Conservação Internacional para criar um modelo sustentável e escalável. Além disso, a empresa promove a capacitação de comunidades locais para atuar na coleta de sementes, fortalecendo a bioeconomia e gerando renda.
A estratégia inclui o desenvolvimento de corredores ecológicos que conectem fragmentos florestais, essenciais para a biodiversidade. Segundo Wishnie, as cadeias de valor relacionadas à restauração florestal no Brasil estão mais avançadas do que em outros países da região, o que facilita a implementação do projeto.
O fundo de reflorestamento do TIG atraiu grandes investidores globais, como a International Finance Corporation (IFC), ligada ao Banco Mundial, e o governo do Reino Unido. Com US$ 7,2 bilhões em ativos e compromissos financeiros, o TIG já administra quase 2,8 milhões de hectares na América Latina e nos EUA, consolidando-se como um dos maiores gestores de florestas do mundo.
A primeira venda de créditos de carbono do TIG aconteceu em junho deste ano, quando a Microsoft comprou 8 milhões de unidades (cada uma corresponde a uma tonelada de carbono evitada ou removida do ar). A meta comprou outros 1,3 milhão de crédito em setembro.
Ainda de acordo com a reportagem, o TIG planeja expandir suas operações para outros biomas brasileiros e latino-americanos, à medida que busca captar os US$ 500 milhões restantes para cumprir sua meta de US$ 1 bilhão.
Por Brasil 247