SEMAGLUTIDA, REMÉDIO APROVADO PARA TRATAR OBESIDADE, REDUZ EM 20% RISCO DE EVENTOS CARDIOVASCULARES GRAVES

Pesquisa acompanhou mais de 17 mil pessoas por até cinco anos; houve redução nos casos de infarto, AVC e morte por doenças cardiovasculares

– O uso da semaglutida na dosagem 2,4 mg (Wegovy) para tratar pacientes com sobrepeso ou obesidade reduziu em 20% o risco de eventos cardiovasculares graves – como infarto, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e morte – em comparação às pessoas que usaram placebo. O benefício da medicação foi constatado em estudo multicêntrico (SELECT) envolvendo mais de 17 mil adultos diagnosticados com doença cardiovascular. Os resultados foram recebidos com entusiasmo pelos endocrinologistas, que afirmam que estamos entrando em uma “nova era” do tratamento da obesidade. Mas, os médicos ressaltam que o medicamento deve ser usado somente com indicação médica, já que pode trazer efeitos colaterais importantes se usado sem acompanhamento.

O SELECT foi um estudo duplo cego, realizado em 41 países (inclusive no Brasil) e que envolveu 800 centros de pesquisa. Ao todo, participaram 17.604 mil adultos com mais de 45 anos, com sobrepeso ou obesidade e doença cardiovascular estabelecida – mas sem histórico de diabetes. Os pesquisadores compararam a aplicação subcutânea de semaglutida 2,4 mg uma vez por semana com placebo como adjuvante no tratamento padrão para a prevenção de eventos cardiovasculares adversos graves, por até cinco anos. Após esse período, constataram a redução de 20% nesses desfechos graves.

“As pessoas que vivem com obesidade têm um risco cardiovascular aumentado mas, até o momento, não havia medicamentos aprovados para controle do peso que fossem eficazes para a perda de peso ao mesmo tempo em que reduzem o risco de um ataque cardíaco, um AVC ou uma morte por evento cardiovascular. Portanto, estamos muito entusiasmados com os resultados do SELECT”, disse Martin Holst Lange, vice-presidente executivo de Desenvolvimento da Novo Nordisk, em nota sobre o anúncio global.

O endocrinologista Bruno Halpern, presidente da Abeso (Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), destacou os resultados do estudo em um vídeo postado nas suas redes sociais “Por muitos anos o tratamento medicamentoso da obesidade foi criticado e visto como perigoso. Esse resultado é importante para entendermos que tratar a obesidade é seguro e protege contra eventos cardiovasculares. O tratamento entra numa nova era de não somente reduzir peso, mas também diminuir risco de desfechos de saúde extremamente relevantes”, afirmou.

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

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