Cerca de 70 carcaças foram recolhidas por pesquisadores para investigar as causas das mortes.
O Rio Negro voltou a registrar queda no nível de água em Manaus.
Embarcações que encalharam aguardam a água para saírem do lugar. Áreas que surgiram como terra, agora já têm até vegetação.
Há menos de um mês, um dos maiores afluentes do Rio Amazonas, o Rio Negro, registrou a maior seca em 121 anos.
Mas voltou a subir. E há quase uma semana voltou a descer. Um fenômeno conhecido como repiquete.
“Os prognósticos climáticos indicam um retorno ao período chuvoso ali nas cabeceiras, e isso vai contribuir para a recuperação do Rio Solimões. E essa distribuição das águas ao longo da bacia, chegando provavelmente aqui em Manaus em duas semanas. Então, essa fase de recuperação que estamos vivenciando agora é normal apresentar essas oscilações”, afirma Jussara Cury, Pesquisadora do Serviço Geológico do Brasil.
A seca severa vem castigando a vida no que sobrou dos rios. No município de Coari, a 360 quilômetros de Manaus, o nível do Rio Solimões ainda é crítico.
Botos estão sendo encontrados mortos todos os dias, há mais de uma semana. Cerca de setenta carcaças foram recolhidas por pesquisadores para investigar as causas das mortes.
“Nessa época que o rio seca, os animais ficam muito mais vulneráveis, porque estão todos concentrados numa mesma área que está rasa, a temperatura está elevada, então são várias coisas que podem estar afetando esses animais”, diz pesquisadora.
No final do mês de setembro, a morte de botos também foi registrada em Tefé, que fica na mesma região de Coari.
Todos os dias, as buscas voltavam com carcaças desses mamíferos aquáticos. Mais de 150 foram encontrados sem vida. A razão exata ainda não se sabe, mas a temperatura elevada da água é uma das principais linhas de pesquisa.
Ambientalistas de ONGs também tentam entender a relação da morte dos mamíferos com a seca dos rios.
“O lago Coari tem uma formação similar ao de Tefé, o que permitiu que, com a seca muito intensa, ele tem baixando bastante. Mas você vê que é um rio ainda cheio de vida, muitos tucuxis, muitos botos nadando, muitos peixes-boi”, afirma Waleska Gravena, bióloga.
Por Jornal Nacional