O primeiro encontro entre os candidatos à Prefeitura de Niterói, ocorrido na tarde desta quinta-feira (29), foi marcado pela ausência de Rodrigo Neves, ex-prefeito, líder do atual grupo político que comanda a cidade e candidato do PDT.
O debate, promovido pelo portal G1, do Grupo Globo, deveria reunir os quatro principais postulantes ao cargo – Bruno Lessa (Podemos), Carlos Jordy (PL), Talíria Petrone (PSOL) e Rodrigo Neves (PDT) que, na última hora, avisou que não iria comparecer, apesar de sua coordenação de campanha ter assinado a ata com as regras do debate.
Chamado de ‘fujão’ pelos outros candidatos, que consideraram o não comparecimento como um ato de covardia e de falta de respeito com a população de Niterói, Rodrigo perdeu a chance de expor suas propostas e explicar os péssimos resultados da cidade na educação, saúde e mobilidade urbana, nesses últimos 12 anos.
O debate teve 5 blocos de perguntas, sendo 3 com temas determinados e 2 com tema livre. Em um deles, os candidatos puderam fazer perguntas para a cadeira vazia do ‘fujão’ Rodrigo Neves.
Um dos assuntos que mais apresentou divergência entre os candidatos presentes foi a questão dos moradores de rua.
Embora todos dissessem considerar esse um dos maiores problemas da cidade, com a necessidade da criação de mecanismos para a recuperação e reinserção dessas pessoas no mercado de trabalho, houve divergência quando a questão era sobre a internação compulsória dos drogados.
Carlos Jordy e Bruno Lessa concordaram que a internação compulsória para os usuários de drogas é um mecanismo importante para a recuperação dessa pessoas, enquanto Talíria Petrone se disse contra, mesmo sem apresentar uma alternativa viável para essa política.
Outro ponto muito criticado pelos candidatos presentes ao debate foi o sucateamento da saúde do município, que sofre com postos e policlínicas em péssimo estado de conservação, falta de medicamentos e com a ausência de um centro de imagens e de especialidades na cidade.
A falta de argumentos para explicar essa situação foi uma das razões apontadas pelos candidatos para a ausência de Rodrigo Neves, um dos grandes responsáveis pelo atual (mau) estado do setor.
O inchaço da prefeitura, com 70 secretarias e milhares de cargos comissionados, o escândalo dos funcionários fantasmas da EMUSA, além do IPTU mais alto do estado, também foram destaques no debate.
Mais um ponto que apresentou divergência entre os candidatos foi a implementação da ‘tarifa zero’ no transporte público da cidade. Enquanto Carlos Jordy e Talíria Petrone defenderam a implementação dessa política, com propostas diferentes – Jordy propõe isenção para quem recebe a Moeda Araribóia -, Bruno Lessa se disse contrário a medida.
Um dos assuntos que mais trouxe indignação aos candidatos foi o péssimo desempenho de Niterói no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) medido pelo Governo Federal.
Niterói, que durante a administração dos prefeitos Rodrigo Neves e Axel Grael, apresentou uma queda contínua no índice (atualmente ocupa a 72ª colocação entre os 92 municípios do estado quando falamos dos anos finais e a 68ª posição nos anos iniciais do ensino fundamental), é um dos municípios com o maior orçamento no estado.
As principais propostas giraram em torno da implementação do horário integral e do aumento no número de vagas de creche.
No fim das contas, a ausência de Rodrigo Neves deixou a entender que o atual estado de abandono de Niterói nos últimos 12 anos não tem como ser explicado pelo grupo político da atual gestão.
Enquanto Bruno Lessa, Carlos Jordy e Talíria Petrone se dispuseram, com maior ou menor sucesso, em falar de suas propostas, o ex-prefeito Rodrigo Neves deu mais uma demonstração de que não quer (ou não tem argumentos) para um debate sincero sobre os problemas de Niterói e suas possíveis soluções.
A íntegra do debate pode ser vista no site e no canal do YouTube do G1.
Por Redação