Segundo o último Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, Queimados e Magé ocupam, respectivamente, os 3º e 5º lugares desse ranking. Dezembro é o mês de conscientização contra a Aids.
As cidades de Queimados e de Magé, ambas na Baixada Fluminense, estão entre os cinco municípios do país com o maior número de pessoas infectadas pelo vírus HIV. Segundo o último Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, as cidades ocupam, respectivamente, os 3º e 5º lugares desse ranking.
De acordo com um levantamento da Secretaria Estadual de Saúde, 3.562 pessoas foram diagnosticadas com a infecção do HIV no estado do Rio de Janeiro nos primeiros dez meses de 2023. O número representa uma queda de 18% em relação ao mesmo período do ano passado.
Apesar da redução no número de diagnósticos, a quantidade de pacientes que iniciam o tratamento ainda preocupa as autoridades de saúde. Das mais de 140 mil pessoas que viviam com HIV no RJ em 2022, 37% não estavam em tratamento.
A população mais jovem, entre 15 e 24 anos, que vive em vulnerabilidade social, é o grupo que mais preocupa. Nos últimos 10 anos, em todo o país, 52 mil jovens entre 15 e 24 anos com HIV evoluíram para a síndrome da imunodeficiência adquirida, a Aids.
O dado revela a necessidade de garantir a adesão dos pacientes à terapia antirretroviral (Tarv), um conjunto de ações que garante o controle da doença e preveni a evolução para a Aids. A infectologista Tania Vergara explica que o tratamento está disponível para todos na rede pública de saúde.
“O tratamento tá disponível, o diagnóstico tá disponível, mas precisa que se chegue lá. Precisa que você tome o remédio, a adesão é indispensável. Se você não chega, não toma o remédio, não faz o exame, não vai ao médico você vai ficar doente igual aquele paciente que ficou doente lá atrás. Não adianta fugir! Fugir do diagnóstico é igual fugir de um trem correr na linha do trem na frente dele, ele vai passar por cima de você. É melhor correr pro lado”, disse Vergara.
Mês de conscientização
A falta de informação sobre o vírus HIV atrasa e muito a qualidade de vida do paciente. O problema pode impedir, por exemplo, que ele busque o diagnóstico, o tratamento, fazendo com que o caso evolua para Aids, o estágio mais avançado da infecção.
Dezembro é o mês de conscientização contra a Aids. E lutar contra a desinformação é o trabalho da Agatha Tariga, de 42 anos, que coordena uma rede nacional de combate ao vírus HIV, a Rede Nacional de Mulheres Travestis e Transexuais e Homens Trans Vivendo e Convivendo com HIV/Aids (RNTTHP).
“Eu espero que não seja só um dezembro para pensar sobre HIV. Eu espero que seja o ano inteiro, porque nós estamos nos contaminando o ano inteiro, procurando ajuda o ano inteiro. São pessoas que acabam vindo a óbito o ano inteiro. Por isso que deveria ter mais conscientização”, disse Agatha Tariga.
Qualquer pessoa sexualmente desprotegida pode ser infectada pelo vírus HIV. O atendimento e o tratamento são gratuitos nos serviços de saúde do SUS. No Rio, a testagem e as medicações preventivas e de pós exposição ao vírus, conhecidas como PEP e PREP, podem ser feitas nas clínicas da família.
“Essa luta é uma luta para possibilitar que pessoas que venham a se descobrir não precisem sofrer, não precisem viver o isolamento, nem achar que tudo acabou”.
“Esse é um vírus que hoje tem tratamento. Então as pessoas que descobrem cedo, tratam cedo e tem uma qualidade de vida boa. Isso é muito importante”, explicou Marcelo Villard, coordenador geral do Grupo Pela Vida.
Por Mariana Bispo, TV Globo