Levantamento do IBGE revela menor índice desde o início da série histórica.
RJ tem a menor taxa de pobreza desde 2012
O estado do Rio registrou a menor taxa de pobreza desde 2012. O levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi divulgado nesta quarta-feira (4). Mas, duas em cada dez pessoas ainda vivem abaixo da linha da pobreza.
Os números divulgados pelo instituto indicam que a situação tem melhorado. Entre 2022 e 2023, quase um 929.600 mil pessoas saíram da extrema pobreza.
A linha de pobreza estipulada pelo Banco Mundial engloba famílias com renda de até R$ 665 por mês.
O RJ atingiu o menor patamar desde o início da série histórica do IBGE, em 2012. O percentual de população abaixo da linha da pobreza no estado caiu de 26,6% em 2022 para 21% em 2023.
População abaixo da linha da pobreza no RJ — Foto: Reprodução/TV Globo
Na Região Metropolitana do Rio, a queda foi ainda mais significativa. O índice registrado em 2022 foi de 25%, e no ano passado, 19,7%.
A queda acompanha a tendência de todo o país. O Brasil reduziu o percentual de pobreza de 31,6% para 27,4% em 1 ano.
“Embora tenha havido uma redução dos indicadores de pobreza, esses indicadores são mais elevados do que os observados na Região Sudeste como um todo. Isso tá relacionado basicamente ao comportamento do mercado de trabalho no estado do Rio, na medida que os indicadores são muito influenciados pela dinâmica do mercado de trabalho, e o Rio de Janeiro possui uma taxa de desocupação mais elevada do que observado na Região Sudeste e nos estados da região também”, explica o pesquisador do IBGE, André Simões.
Famílias em vulnerabilidade
O Conjunto Olimpo, uma das regiões mais pobres de Queimados, na Baixada Fluminense, tem pouco mais de 600 moradores.
Lindaci da Silva e o marido, Jairo, estão em dificuldade financeira desde que ele começou a perder a visão por causa do glaucoma. Ele teve que parar de trabalhar, e agora o casal vive com R$ 600 que ela ganha.
“Tô desempregada, não posso trabalhar, família não tenho ninguém aqui, só tem eu e ele, e sou eu pra tudo. Não tenho como deixar ele. Eu recebo só os 600 do governo e é com isso que a gente tá vivendo”, diz Lindaci.
Júlia Dias e Jaime são catadores e vivem do que encontram no lixo. Eles tinham Bolsa Família, mas tiveram o benefício suspenso sem explicação.
Júlia e o marido são catadores — Foto: Reprodução/TV Globo
“Já fui lá várias vezes, fala que vai desbloquear. Já tem bem uns dois meses”, fala Júlia.
Cecília Souza de Jesus toma conta da Associação de Moradores e tenta ajudar como pode quem vive em vulnerabilidade.
“Quando seu prato fica vazio, você não tem forças pra agir.”
Sem estudar e sem trabalhar
Um ponto de preocupação são os jovens que não estão estudando e também não estão trabalhando. O levantamento revela que, em 2023, 770 mil jovens de 15 a 29 anos não estudavam nem trabalhavam.
“Tem maior dificuldade de inserção de jovens no mercado de trabalho, então o Rio de Janeiro tem um percentual mais elevado que os outros estados de jovens que só estudam, mas a transição da escola para o trabalho acaba sendo prejudicada e isso se reflete nos indicadores”, diz o pesquisador.
Por Ben-Hur Correia, Lucas Soares, Mariana Cardoso, RJ1