Capital é o município com mais mutilados do Brasil.
Nos últimos 15 anos, ao menos 2.044 pessoas sofreram amputações no país devido a ferimentos por armas de fogo ou explosivos. No Estado do Rio, foram 202 (menos apenas do que a Bahia, com 244 casos). E, só na cidade do Rio, foram 88 vítimas, o que a torna a capital nacional dessas mutilações, à frente de São Paulo (que tem o dobro da população), a segunda colocada, com 64 registros. No cruel ranking dos 15 municípios com mais amputações há ainda outras três cidades fluminenses: São Gonçalo (24), Niterói (22) e Nova Iguaçu (19).
O levantamento que revela o cenário desafiador para o Rio faz parte da série de reportagens ‘Mutilados’. Os números são do banco de dados do sistema de Autorizações de Internações Hospitalares (AIHs) do Ministério da Saúde, usado para repasses de verba no SUS, a partir da análise dos procedimentos que motivaram as hospitalizações de 2008 e 2022.
Nacionalmente, a quantidade de mutilados supera, inclusive, a de militares das Forças Armadas dos Estados Unidos, que num intervalo de tempo semelhante sofreram amputações de membros superiores ou inferiores devido a lesões em combate. De janeiro de 2001 a outubro de 2017 (período que abrange guerras como a do Iraque e a do Afeganistão), esse foi o drama de 1.705 soldados americanos, indica um estudo publicado em 2018 pela Divisão de Vigilância em Saúde das Forças Armadas do país.
Desse total, se a maioria foi ferida em explosões, só 73 militares foram atingidos por arma de fogo. E daí se depreende outra comparação reveladora: são menos baleados amputados do que na cidade do Rio nos últimos 15 anos. Na capital brasileira dos mutilados, dos 88 que perderam parte do corpo nesse período, 75 estiveram na mira das armas — e outros 13 sobreviveram a explosões.
Por: Extra