RIO, BUENOS AIRES E AHMEDABAD: CIDADES UNIDAS EM AÇÕES DE RESILIÊNCIA PARA O CLIMA

O Rio de Janeiro, juntamente com as cidades de Buenos Aires, na Argentina, e Ahmedabad, na Índia, criou um grupo de trabalho para financiar municípios ao redor do mundo em ações de resiliência que permitam enfrentar as mudanças climáticas. Essa força-tarefa, apoiada por C40 (Grupo de Liderança Climática) e UCLG (Cidades e Governo Locais Unidos), vai preparar recomendações aos chefes de estado do G20, que reúne as maiores economias do mundo. Eles têm encontro marcado para setembro, na Índia. Em 2024, a cúpula será no Rio, em novembro.

O anúncio da iniciativa ocorreu no Urban20 (U20), o encontro das cidades do G20, em Ahmedabad. A cidade do Rio foi representada pelo presidente do Comitê Rio G20, Lucas Padilha, e pelo coordenador municipal de Relações Internacionais, Pedro Spadale. Os participantes do U20 têm grande relevância financeira. Juntos formariam a terceira economia do mundo, atrás apenas de EUA e China. O comunicado final do U20, na Índia, enfatizou a necessidade de avanços significativos na questão do financiamento climático.

– As cidades estão na vanguarda do planejamento público e da ação para enfrentar a crise climática. No Rio, temos desde 2021 um ousado Plano de Ação Climática e Desenvolvimento Sustentável. Além do plano desenvolvemos projetos de mitigação , adaptação e resiliência em áreas como transporte, com o novo BRT, e amenidades ambientais, como o Parque Realengo. O financiamento e apoio técnico para projetos e políticas públicas como estes dependem de instrumentos financeiros de longo prazo com juros baixos. As cidades do G20 podem superar o ceticismo da sociedade em relação à ambição de governos ao propor reformas e envolver os governos nacionais em uma agenda que priorize a transformação estrutural do meio ambiente urbano em resposta à crise climática. Rio, Paris, Buenos Aires e Ahmedabad convocaram as cidades do G20 a levar propostas concretas para o encontro de líderes em Délhi, este ano, e no Rio em 2024. – afirmou o presidente do Comitê Rio G20, Lucas Padilha.

O grupo formado por Rio, Buenos Aires e Ahmedabad vai trabalhar em parceria com a Comissão Global para Finanças dos ODS Urbanos, que tem como objetivo reformar o sistema financeiro. O comitê foi lançado, no mês passado, em Paris, pelo prefeito Eduardo Paes. Ele é um dos co-presidentes, ao lado da prefeita da capital francesa, Anne Hidalgo, e do economista Jeffrey Sachs.

A meta das cidades que lideram esse processo de mudança do sistema financeiro é garantir investimento direto e acesso a financiamento internacional essencial para as cidades, especialmente do Sul Global, para que possam cumprir suas ambições climáticas. O fluxo de trabalho se concentrará na formulação de soluções e recomendações específicas sobre como alavancar a reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento para aumentar a disponibilidade e melhorar o acesso ao financiamento climático para as cidades.

Muitas cidades enfrentam dificuldade para a obtenção de crédito financeiro. Os bancos multilaterais de desenvolvemento têm um papel importante, pois podem escalar o apoio a investimentos climáticos urbanos, ao apoiarem mecanismos de compartilhamento de riscos, como doações, financiamento misto e garantias. Dessa forma, as cidades seriam beneficiadas, com a redução de custos de crédito bancário, com o aumento do acesso a empréstimos com boas condições e a atração do financiamento do setor privado.

– O foco principal do G20 é relacionado ao tema da governança global no plano econômico. Por isso, o U20 encaminha aos chefes de estado do G20 pleitos relacionados, sobretudo, à questão do financiamento climático. O objetivo é que haja um aumento expressivo do volume de recursos financeiros destinados às cidades para lidar com a crise climática e que isso aconteça não apenas em uma escala muito maior, mas também de forma mais rápida e direta. As cidades são responsáveis por mais de 70% das emissões de gases de efeito estufa no mundo, portanto, a solução para evitar o aquecimento global passa necessariamente pelo nível local e os bancos e fundos multilaterais de desenvolvimento precisam se reinventar para dar conta dessa realidade, a partir da adoção de normas e instrumentos mais efetivos – enfatizou o coordenador de Relações Internacionais da Prefeitura do Rio, Pedro Spadale.

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