A instalação de gradis e barreiras físicas na região da Cracolândia, em São Paulo, tem gerado um intenso debate entre a prefeitura, a Defensoria Pública do Estado e o Ministério Público. A Defensoria solicitou a remoção dessas estruturas, alegando que elas impedem a livre circulação e o acesso a recursos básicos, como água potável e banheiros. Além disso, o órgão e o Ministério Público anunciaram uma investigação para apurar as circunstâncias da instalação das barreiras, que estão no local desde junho de 2024.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, respondeu às críticas, afirmando que a presença das barreiras desde maio do ano passado sugere uma falta de atuação da Defensoria na região. Ele insinuou que a atenção recente ao caso foi motivada por uma reportagem na imprensa, e não por uma preocupação genuína com a situação. “Se o muro está lá desde maio do ano passado, e eles [integrantes da Defensoria] só foram lá agora, significa que não vão lá ajudar. Foram atraídos por uma matéria que saiu na imprensa. Foram lá aparecer”, disse Nunes.
Em resposta, o Ministério Público declarou que a Promotoria de Habitação e Urbanismo conduzirá uma investigação para esclarecer os fatos. A prefeitura, por sua vez, defendeu a instalação das barreiras, justificando que elas foram implementadas para facilitar o trabalho dos agentes de saúde e assistência social, além de garantir maior segurança para as equipes e o trânsito de veículos.
A administração municipal destacou que, entre janeiro e novembro de 2024, houve uma redução de 73% no número de dependentes químicos na Cracolândia. Durante esse período, 18.714 encaminhamentos para serviços municipais foram realizados, o que, segundo a prefeitura, demonstra a eficácia das medidas adotadas. As barreiras de concreto, que substituíram tapumes frequentemente danificados, têm o objetivo de proteger tanto os dependentes químicos quanto pedestres e trabalhadores na área. Nunes enfatizou que não há confinamento e que as medidas visam reforçar a segurança na região.