“Ela vê coisas que não vejo. Ela sente coisas que eu não sinto. Enquanto a gente precisa falar para ser entendida, ela só com o olhar se faz ser entendida”.
Rafaela Marchi descreve a filha Lia, de quatro anos, dessa maneira. A menina nasceu com uma síndrome que compromete o desenvolvimento global, causando atrasos na fala, na socialização e na parte motora.
A menina Lia é atendida por muitos profissionais e faz inúmeras terapias que auxiliam a ter uma vida mais confortável. Mas há sete meses, depois de ler muito sobre o assunto, a família decidiu buscar um médico, que usa a cannabis medicinal em casos como os da Lia, e a Rafaela conta que os resultados foram surpreendentes.
“A Lia melhorou o sono, ela tinha um sono agitado, Hoje ela dorme um sono contínuo e calmo. A Lia está mais concentrada, a linguagem receptiva dela melhorou demais. ‘Lia, senta’, ela vai lá e senta rápido. ‘Lia, você gostou disso?’, ela responde sim. Os movimentos repetitivos dela atenuaram demais”.
E muitos pacientes como a Lia e até que possuem outros tipos de doenças estão se beneficiando do tratamento à base da cannabis. O médico Wellington Briques é pesquisador da área e aplica esse tratamento em vários pacientes. Ele explica que muitos transtornos podem ser amenizados com as medicações da base da planta, como Parkinson, Alzheimer, dores crônicas e até doenças mentais.
“Nós também temos dados no tratamento de ansiedade, depressão e insônia. Cada vez mais nós ampliamos o nosso conhecimento de novas utilizações da cannabis. Existem indicações muito precisas e a forma de utilização também”.
No Brasil, ainda não é permitido o cultivo da planta, mas já se pode manipular e preparar os medicamentos. Todas as regras, incluindo as de importação de medicamentos à base de cannabis, estão disponíveis em anvisa.gov.br.