Especialistas da ONU defendem sanções e não reconhecimento da legitimidade da junta no poder, enquanto rivalidade EUA-China eleva tensões no país
Um relatório da ONU divulgado nesta segunda-feira (2) revelou violações de direitos humanos de larga escala em Mianmar desde o golpe militar de 2021, destacando mais de 6.000 civis mortos, incluindo 2.000 em custódia. As vítimas sofrem tortura, desaparecimentos forçados e execuções brutais, como decapitações e queimaduras vivas. O documento descreve esses atos como crimes contra a humanidade e pede uma “correção de curso” na resposta internacional à crise.
Os especialistas da ONU apontaram que medidas como sanções econômicas e embargos a armamentos reduziram o acesso da junta militar a armas em um terço, mas enfatizaram que tais ações são insuficientes. O relatório também denuncia as eleições planejadas pela junta como uma tentativa de legitimar um governo imposto à força. Além disso, pediu apoio mais robusto à sociedade civil para documentar abusos e proteger civis.
“Além de negar à junta o acesso às armas, os Estados-membros da ONU também deveriam negar-lhe a legitimidade que procura”, diz a postagem no site da ONU.
O governo militar acusa os Estados Unidos de financiarem grupos que classifica como terroristas, enquanto Washington afirma que sua assistência não é letal e oferecida a grupos pró-democracia. Por outro lado, a China fortalece seus laços de segurança com a junta, permitindo a presença de empresas privadas de segurança e planejando uma firma militar conjunta para proteger projetos de infraestrutura, conforme reportado recentemente pela agência Nikkei.
O golpe militar, realizado sob a justificativa de fraude eleitoral nas eleições de novembro de 2020, utilizou um mecanismo constitucional que transfere o poder ao comandante das Forças Armadas em situações de emergência. Desde então, o país enfrenta sanções econômicas e uma intensificação do conflito armado com minorias étnicas.
Por Brasil 247