Bombeiros federais foram deslocados de Corumbá para ajudar no combate, mas o governo estadual não teria solicitado apoio
Um dos maiores abrigos de onças-pintadas nas Américas, o Parque Estadual Encontro das Águas, no Pantanal de Mato Grosso, é novamente atingido pelo fogo. Em 2020, 86% da reserva queimou, ou cerca de 90 mil ha.
Agora, cerca de 20 mil ha foram queimados na região desde o início do mês – metade disso no parque. Os dados foram compilados desde vigilância por satélite e divulgados no sábado (21) pelo Instituto Centro de Vida (ICV).
Já um monitoramento obtido hoje junto a um sistema da ong SOS Pantanal (mais abaixo) indica que os focos de incêndio persistem naquela área protegida, sobretudo nas porções sul e central.
O parque fica nos municípios de Barão de Melgaço e Poconé, a 250 km de Cuiabá. Entremeadas matas e rios e ventos de quase 50 km/h do fim de semana dificultam o combate e alimentam o fogo. Mas, pode chover forte esta semana na região.
“Estrutura robusta e condições meteorológicas favoráveis são fundamentais para extinguir os focos em regiões de difícil acesso”, explica o comandante do Batalhão de Emergências Ambientais do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBMMT), tenente-coronel Marco Aires.
Cerca de 50 bombeiros e outros agentes estaduais, 2 aviões e um helicóptero enfrentam o fogo na região. Outra aeronave para despejar água nas chamas foi demandada à Defesa Civil. O recurso é bombeado dos rios regionais.
Monitoramento da SOS Pantanal desta segunda-feira (23). Imagem: SOS Pantanal / O Eco.
Ainda no fim de semana, bombeiros estaduais combateram incêndios ao longo do Rio Canabu, que corta ao meio boa parte do parque. Queriam evitar que as chamas cruzassem o manancial, mas já há focos na outra margem.
Os incêndios regionais fizeram o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PrevFogo) deslocar 20 brigadistas de Corumbá (MS) para apoiar o combate ao incêndio no parque estadual, na sexta-feira (20).
O time federal chegou com caminhões e outros veículos 4×4, bem como demais equipamentos de combate ao fogo, como motobomba, sopradores e roçadeiras, publicou o Campo Grande News.
Todavia, o apoio não teria sido pedido e nem seria necessário frente aos recursos empregados pelo Mato Grosso, diz o tenente-coronel Marco Aires (CBMMT). “Temos que entender melhor onde irão atuar”, destaca.
Fontes do PrevFogo que estão na região contaram a ((o))eco que o combate às chamas já está alinhado com o Governo de Mato Grosso e acontecendo em áreas onde o CBMMT não está atuando.
Equipes federais operam desde Porto Jofre, próximo ao parque estadual, e da Fazenda São Bento (MS), outro refúgio de onças. Aeronaves reforçarão o combate em terras indígenas e no Parna do Pantanal Matogrossense.
POR ALDEM BOURSCHEIT – ECO