“Sem estatísticas eu não tenho políticas públicas”, diz pesquisadora
Há 21 anos, em um 29 de janeiro, o movimento brasileiro pelos direitos de pessoas trans ganhava espaço nos corredores do Congresso Nacional, por meio da campanha Travesti e Respeito. A chegada do debate sobre direitos e saúde dessa população ao ambiente oficial de um dos Poderes do Estado permanece sendo celebrada até hoje como um marco dentro do mês da visibilidade trans, janeiro, embora os desafios desta população ainda estejam longe de ser superados.
Nesta quarta-feira (29), o lançamento do dossiê: Registro Nacional de Mortes de Pessoas Trans no Brasil em 2024: da Expectativa de Morte a um Olhar para a Presença Viva de Estudantes Trans na Educação Básica Brasileira, pela Rede Trans Brasil, foi duplamente comemorado. O documento reuniu dados que mostram uma redução no número de mortes violentas de pessoas trans em 2024, em comparação com 2023 e também revela um aumento do uso do nome social, a partir de uma amostra de 9 mil matrículas em 16 estados.
A pesquisa usou a base de cadastro das secretarias de educação dos estados para monitorar o acesso a um direito conquistado há sete anos.
“Desde 2018, o Conselho Nacional de Educação publicou uma portaria pela qual estudantes trans na educação básica – e eu tenho que lembrar que é a educação infantil, ensino fundamental e ensino médio – podem se matricular com o nome social. E nós tivemos, de 2018 a 2024, 400% de aumento de estudantes trans dentro da educação básica”, destaca Sayonara Nogueira, secretária de comunicação e pesquisadora da Rede Trans Brasil.
Os levantamentos fazem uso de metodologias reconhecidas por instituições de pesquisa internacionais e desenvolvidas por redes de organizações sociais, como a Transgender Europe. E nesses dois casos trabalham com amostras e não números absolutos.
Por Fabíola Sinimbú – Repórter da Agência Brasil