Depois da saída de Daniela Carneiro do Turismo, governo Lula faz afagos de olho em presença na Baixada Fluminense em 2024
Aliado do Presidente Lula, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho (Republicanos) vem recebendo um carinho especial por parte do chefe do executivo federal, após a saída de Daniela Carneiro do comando do Ministério do Turismo, o único gestor que apoiou o Presidente Lula na campanha eleitoral em 2021 vem recebendo diversos afagos, mas não é somente devido a gratidão, mas também por uma composição nas eleições municipais do próximo ano, Waguinho é uma grande liderança na Baixada Fluminense e pretende lançar seu sobrinho Matheus Carneiro como seu sucessor.
Segundo o presidente do PT fluminense, João Maurício, o partido “está namorando” uma aliança em Belford Roxo. O PT fez parte da coligação de Waguinho nas eleições de 2016 e 2020. Nesta última, a parceria gerou celeuma na direção nacional do PT, por conta da proximidade entre Waguinho e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à época. Todos os ex-presidentes vivos do PT, à exceção de Lula, assinaram uma carta na ocasião, pedindo a revogação da aliança, mantida pelo diretório estadual.
— O PT vai pleitear o posto de vice, mas estaremos com Waguinho independentemente disso — diz Maurício.
Após a demissão de Daniela, Waguinho vem cobrando Lula a visitar Belford Roxo para anunciar as futuras construções, na cidade, do Hospital do Câncer da Baixada e da nova sede do Instituto Federal do Rio (IFRJ). Waguinho reforçou a suposta promessa feita por Lula em reunião com um grupo de pastores evangélicos na prefeitura, há cerca de um mês — o diálogo do prefeito e de Daniela com as igrejas é tido como um dos principais atrativos da aliança para o PT, que tem dificuldades no segmento.
Em 2020, antes do compromisso com a reforma do IFRJ, Waguinho chegou a articular, junto com a Câmara Municipal de Belford Roxo, o despejo da escola técnica de metade do terreno que ocupa atualmente, em contêineres. O terreno foi cedido pela prefeitura, que desejava retomá-lo. A Justiça Federal suspendeu o despejo.
Interlocutores de Lula no Palácio do Planalto afirmam que o presidente “vai ajudar” Waguinho com as obras, mas frisaram que o futuro Hospital do Câncer será uma unidade municipal. A avaliação do entorno do presidente é que parte dos recursos deve partir ou da prefeitura ou de emendas parlamentares de Daniela — só em emendas impositivas, cada deputado podia indicar 32 milhões neste ano, sendo metade para a saúde.
No pacote que integra o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Belford Roxo foi contemplada com a retomada de obras de 1,4 mil unidades do Minha Casa, Minha Vida, além de projetos de saneamento e construção de escolas.
Centro da articulação
Em outra compensação pela perda do Ministério do Turismo, o governo Lula acenou com cargos para aliados do casal Waguinho e Daniela. Ex-diretor do Instituto de Previdência de Belford Roxo, Pedro Paulo Silveira foi nomeado em julho para a superintendência de Patrimônio da União (SPU) no Rio.
Waguinho também articula emplacar um apadrinhado na superintendência estadual do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas o pedido travou no Ministério do Meio Ambiente.
Integrantes do PT apontaram que o prefeito de Belford Roxo também teria interesse em nomear aliados em hospitais federais do Rio, mas Waguinho negou ter articulações nesse sentido.
Aliado de Waguinho e vice-presidente nacional do PT, o deputado federal Washington Quaquá defende a aproximação com deputados e prefeitos da Baixada que estão em partidos da antiga base de Bolsonaro, como PL, PP e Republicanos, mas que já fizeram acenos ao governo Lula.
— Waguinho precisa ser o centro da nossa articulação na Baixada. Ele sempre foi um aliado leal — afirmou Quaquá.
Por Bernardo