Manifestações tiveram início após execução de jovem negro pela polícia na periferia de Paris
A onda de protestos pelo assassinato de um jovem negro pela polícia francesa chegou ao quinto dia com a casa do prefeito de L’Hay-les-Roses, Vincent Jeanbrun, sendo incendiada pelos manifestantes. A cidade fica nos arredores de Paris. O mandatário estava na prefeitura, mas a esposa e os dois filhos deles estavam no local e conseguiram fugir. A sede do governo local também foi alvo de protestos e está cercada com grades e arame farpado.
Na manhã de domingo (2), a primeira-ministra da França, Elisabeth Borne, esteve na região e chamou os protestos de inaceitáveis. Embora ninguém tenha sido preso pela ação, até o momento, mais de 2 mil pessoas já foram detidas em razão dos protestos. Apenas neste final de semana foram 719 presos. Apesar disso, o governo de Emmanuel Macron tem alegado que as manifestações estão perdendo força e subiu o tom, anunciando reforço em medidas de segurança e culpando famílias, as redes sociais e os videogames pela situação.
As manifestações começaram depois que o jovem Nahel M. foi assassinado com um tiro no peito. Inicialmente, os agentes envolvidos disseram que o rapaz tentou jogar o carro contra eles e que agiram em legítima defesa. No entanto, imagens do crime desmentiram a narrativa. O adolescente foi executado em plena luz do dia, na terça-feira (27).
Desde então, manifestantes têm ocupado ruas das principais cidades do país, pedindo o fim do racismo e da violência nas abordagens policiais. houve queima de carros, saques a lojas e ataques a prefeituras, delegacias e escolas públicas. No ano passado, pelo menos 13 pessoas foram mortas em ocorrências semelhantes.
O Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos divulgou um apelo para que o governo Francês resolva “seriamente” os problemas de racismo e discriminação na polícia.
“Apelamos às autoridades para que garantam que o uso da força pela polícia para enfrentar elementos violentos durante as manifestações respeite sempre os princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade, não discriminação, precaução e responsabilidade”, disse Ravina Shamdasani, porta-voz da iniciativa.
Em resposta, o Ministério de Relações Exteriores afirmou que “qualquer acusação de racismo sistêmico ou discriminação pela aplicação da lei na França é completamente infundada”. Segundo a pasta, “a França e suas agências de aplicação da lei lutam com determinação contra o racismo e todas as formas de discriminação. Não há dúvidas sobre esse compromisso.”
A porta voz da ONU destacou ainda que as ações também representam riscos para a própria polícia. Segundo o governo, mais de 240 agentes foram feridos na madrugada de quinta para sexta-feira. Algumas horas após o apelo da organização global, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, elogiou a atuação dos agentes de segurança.
Ele afirmou que a polícia tem apoio “inabalável” do governo para conter as manifestações. “Prioridade absoluta é dada ao restabelecimento da ordem republicana, à proteção das pessoas e da propriedade pública e privada”, disse Darmanin. Também foi requisitada a proibição da venda de fogos de artifício, galões de gasolina e produtos inflamáveis.
Por BdF