Em protesto feito na Avenida Paulista, no domingo (11/5), mães contaram histórias pessoais em que a igreja teria afastado os filho
Um grupo de mães ex-testemunhas de Jeová se reuniu no domingo (11/5), na Avenida Paulista, na região central de São Paulo, para protestar contra o que definiu como “doutrina que incentiva corte de laços familiares”.
A reivindicação do grupo é referente a um artigo publicado em uma revista e no site das Testemunhas de Jeová que diz para os fiéis cortarem a relação social com aqueles que não são da congregação. Segundo o artigo, “isso ajuda a manter a congregação pura” e faz com que aqueles que saíram da igreja queiram voltar.
As mulheres aproveitaram o simbolismo da data deste domingo, Dia das Mães, para mostrar que perderam o contato com os filhos após saírem da religião, por causa desse dogma religioso.
O protesto, organizado pelo Movimento de Ajuda às Vítimas das Testemunhas de Jeová, não teve alta adesão, apesar de contar com transmissão ao vivo em um canal do YouTube.
Em depoimento gravado e publicado em um perfil do movimento, uma mulher do Rio de Janeiro, Claudia Araújo, define a religião como extremista e diz que não pode mais estar com o sobrinho, que criou como filho, desde os 6 anos.
“[Nós] não podemos mais estar com os nossos filhos. Não porque pecamos, porque fizemos nada, mas pelo simples motivo de não querer mais fazer parte da organização”, desabafou a mulher.
Ela ainda relata que o sobrinho alcançou um cargo de liderança na igreja e que, além de não falar mais com a mulher, incentiva o filho biológico de Claudia a também cortar relações com a mãe. “Vivemos um dia de cada vez, aguardando o momento em que a liderança irá revogar essa doutrina nas revistas e no site”, pontuou.
Jacira Amaral é outra mulher que aparece contando a própria situação no microfone do protesto. Ela, que é de Brasília, afirma que fez parte da congregação por 40 anos e que durante esse período foi incentivada pela organização religiosa a “abandonar a filha” após ela ter se separado do marido.
Apesar da recomendação da igreja, Jacira não cortou contato com a filha. “Quando as pessoas não querem mais fazer parte, elas não separam a família.”
Além das falas no protesto, as mulheres levaram faixas expondo as situações pessoais e matérias da imprensa que citavam a religião Testemunha de Jeová, entre elas uma reportagem do Metrópoles sobre a congregação ter aliviado punição para pedófilos em um manual.
Por Enzo Marcus- Metrópoles