PROTEÇÃO DE DIREITOS LGBTI+ COMEÇA POR “GARANTIR O ACESSO AO TRABALHO

O primeiro passo que devia ser dado para proteger as pessoas da comunidade LGBT é “o acesso ao trabalho”, disse à Lusa Lou Loução, um dos organizadores da marcha que decorre esta tarde em Lisboa.

“O que falta é proteger estas pessoas, o primeiro passo seria garantir o acesso ao trabalho, prioritariamente, apoiar as pessoas trans e LGBT no acesso a espaços e locais de trabalho para que possam ter vidas estáveis, e depois a questão do direito à habitação”, disse este membro da SOS Racismo e um dos organizadores da 24.ª Marcha do Orgulho LGBTI+.

“Temos consagrado o direito a pessoas do mesmo sexo, autodeterminação de género, mas não há medidas que protejam estas pessoas”, lamentou o organizador, vincando que os ataques a esta comunidade continuam.

“O caso de Évora foi conhecido, e hoje voltou a acontecer um ataque a uma exposição, algo que condenamos veementemente”, afirmou.

Há muito por fazer, acrescentou, apontando: “Não temos nenhum direito consagrado na sociedade, saímos à rua e somos atacadas, assediadas e não temos qualquer espaço de liberdade para existir”.

A marcha de defesa dos direitos das pessoas LGBTI+ surge numa altura em que a Amnistia Internacional disse que em Portugal, apesar de avanços, ainda existe discriminação por questões de género, alertando ainda para uma situação preocupante em África.

“Em Portugal, e apesar dos notáveis avanços dos últimos anos, a Amnistia Internacional sublinha que são ainda visíveis fatores de discriminação em razão da orientação, identidade e expressão de género e das características sexuais, reforçando a necessidade de políticas e serviços mais inclusivos e adequados às necessidades das pessoas LGBTI+”, lê-se num comunicado divulgado na sexta-feira.

“Hoje é ainda indispensável que marchemos, por muitas razões. Porque a discriminação, a marginalização e a violência sobre as pessoas LGBTI+ são ainda uma realidade, quer em Portugal, quer em tantos outros países. Desde os retrocessos legislativos no Uganda, à repressão na Turquia, à manutenção da pena de morte para pessoas LGBTI+ em 11 países do mundo, é notório como as pessoas LGBTI+ continuam a ser alvo de perseguições, maus-tratos, violência (física, verbal e psicológica) e discriminação, um pouco por todo o mundo”, disse o diretor de campanhas da Amnistia Internacional (AI) Portugal, Paulo Fontes.

MadreMedia / Lusa

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