PROJETO INÉDITO PROPÕE FUSÃO DO GAFFRÉE E GUINLE COM O HOSPITAL DOS SERVIDORES, NO RIO

Proximidade, perfil complementar das unidades de saúde e possibilidade de ampliação de leitos são argumentos para que a proposta seja implementada

A UniRio, a Ebserh, o Ministério da Educação e o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos devem assinar, nos próximos dias, um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) que definirá os critérios para a fusão do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, localizado no Maracanã, na Zona Norte, com o Hospital Federal dos Servidores (HFSE), situado no bairro da Saúde, na zona central da cidade. Inédita, a proposta é transformar a unidade federal em uma extensão do Hospital Universitário vinculado à UniRio e administrado pela Ebserh. A nova unidade deverá se chamar Hospital Universitário do Rio de Janeiro.

— É uma cooperação técnica entre a Ebserh, a UniRio e o Ministério, que vai buscar um diagnóstico e uma integração dos hospitais. Com essa integração, a gente consegue superar as limitações que o atual hospital Gaffrée tem para ampliar leitos e serviços, e também reativar todos os serviços fechados no Hospital dos Servidores, ampliando novos serviços e qualificação, por exemplo — explicou o secretário-adjunto da Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Nilton Pereira.

Entre os motivos para essa mudança estão a proximidade entre as unidades, o perfil complementar e a possibilidade de ampliação de leitos. De acordo com avaliação interna, o prédio histórico do Gaffrée, tombado pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), já não comporta mais a unidade de saúde e dificulta melhorias no atendimento. Ao EXTRA, o presidente da Ebserh, Arthur Chioro, já havia manifestado interesse em assumir a unidade federal.

— Há uma tendência internacional de fusão de hospitais, pois eles precisam de adensamento tecnológico, ou seja, de capacidade para resolver grandes problemas. Tanto o Hospital dos Servidores quanto o Gaffrée enfrentam o desafio de serem hospitais de alta complexidade. Temos um hospital universitário com graves problemas estruturais, tombado como patrimônio histórico, o que traz grandes desafios para a modernização da sua infraestrutura, a ponto de quase não justificar o investimento necessário. Seria preciso um investimento muito alto para torná-lo funcional como um hospital do século 21. Por outro lado, temos um hospital federal altamente qualificado, com uma infraestrutura importante, mas, como todos sabem, com problemas de gestão que vêm afetando cronicamente a capacidade desse hospital de atender plenamente a população do Rio de Janeiro — afirmou Chioro.

O EXTRA visitou, nesta segunda-feira, as dependências do Hospital Universitário e flagrou graves problemas de infraestrutura, como alas inteiras de enfermaria em salas sem ventilação adequada, infiltração e mofo por toda parte, macas amontoadas no pátio, aparelhos de ar-condicionado presos às janelas quebradas e emaranhados de fios pelos corredores do casarão, além de um laboratório improvisado próximo ao auditório.

A unidade sequer possui uma área de coleta seletiva. Os resíduos são colocados pelos funcionários da limpeza em um depósito na área externa do pátio. Isto porque o hospital não tem autorização para fazer obras ou modificações em suas dependências.

Parede externa do prédio de acesso ao Instituto do Cérebro, anexo ao Hospital Federal dos Servidores — Foto: Reprodução

O Hospital dos Servidores está em situação ainda mais grave. O local não realiza exames de cateterismo por falta de equipamento. Quatro leitos do Centro de Tratamento Intensivo (CTI) no 11° andar, 76 leitos de enfermaria, 15 leitos de cirurgia geral e seis salas de cirurgia geral estão fechados por falta de mesa cirúrgica, macas e equipamentos básicos. Atualmente, conta com 370 leitos, sendo 79 fechados por falta de médicos — quando foi inaugurado, em 1934, a unidade tinha capacidade para 450 leitos. De acordo com o relatório dos hospitais federais, elaborado pelo Ministério da Saúde logo quando a nova gestão assumiu, o HFSE sofre com falta de RH, falta de manutenção predial, obras embargadas e parque tecnológico defasado.

De acordo com a Ebserh, caso a fusão seja concretizada, a empresa pública terá um contrato de 20 anos para administrar o novo hospital universitário, que terá atendimento de média e alta complexidade. Juntos, as unidades vão oferecer cerca de 500 leitos, 42 programas de residência médica, além de gestão de alto risco com atendimento em oncologia, pediatria, centro de parto normal, e tratamento de Aids.

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