PROJETO EM VILA ISABEL, BAIRRO FAMOSO PELO SAMBA, OFERECE AULAS DE MÚSICA ERUDITA E BUSCA FORMAR JOVENS COM CONSCIÊNCIAA ONG

Ação Social pela Música do Brasil existe há 27 anos. Dos 13 núcleos no país, 8 estão no Estado do Rio de Janeiro. Iniciativa conta com aulas de reforço e letramento racial

Em Vila Isabel, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro famoso em todo o país por ser o berço de grandes figuras do samba como Noel Rosa e Martinho da Vila, também oferece cultura por meio da arte erudita. Jovens aprendem mais sobre musicalidade e outros valores na Orquestra Sinfônica da Ação Social pela Música do Brasil.

“A orquestra existe há dois anos, fruto do talento deles, da dedicação. O projeto em si não é uma academia. Mas vendo tanto talento assim tivemos essa obrigação. Não tem como deixá-los dentro de sala, cada um com seu instrumento. Tivemos que montar essa orquestra maravilhosa”, disse o maestro Renan de Paula.

A ONG Ação Social pela Música do Brasil existe há 27 anos. Dos 13 núcleos no país, 8 estão no Estado do Rio de Janeiro. Meninos e meninas de várias comunidades da capital fluminense se reúnem na iniciativa.

“Eu tenho quase 6 anos aqui dentro e está sendo incrível. Eu conheci pessoas incríveis e tive experiências incríveis. Eu já participei de festivais”, contou a estudante Gabrielle Ferreira Silva.

Renan de Paula destaca que o exemplo é importante.

“É uma emoção maravilhosa, pois eu comecei como eles. Comecei no projeto com 12, 13 anos, tocando viola. Fui desenvolvendo e descobri a paixão pela regência e eles terem a referência de um maestro que começou como aluno, no mesmo projeto que eles, isso incentiva bastante”, destacou o maestro.

Gileard Paixão se encantou pelo violoncelo — Foto: Reprodução/ TV Globo

No projeto, Gileard se encantou pelo violoncelo.

“Estava olhando pela janelinha da sala, escutei o som e fiquei: ‘Nossa, que instrumento é esse?’ Aí eu fui correndo para saber qual era. E era o violoncelo. Eu fiquei sentado na escada, olhando um tempo, e me apaixonei. Ele faz parte de mim, como se fosse meu corpo”, disse o estudante Gileard Paixão.

O estudo da música já leva a família longe. O irmão do aluno, Natanael, começou no projeto e atualmente estuda no Conservatório de Toulouse.

Letramento racial

A ONG Ação Social pela Música do Brasil existe há 27 anos — Foto: Reprodução/ TV Globo

Em todo o projeto, 90% dos alunos são negros. Por isso, a ação investe também no letramento racial.

“Para além da música, o projeto tem muita preocupação com a parte da questão social. O trabalho que eu desenvolvo é de levar o letramento, a valorização da cultura afro-brasileira e questões de gênero e raça e outras questões sociais para formar uma nova geração, com adultos mais conscientes do que nós temos hoje”, destacou a educadora antirracista Marcele Oliver.

Além das aulas, o projeto também conta com reforço escolar.

“Mais do que aprender música clássica, eu entendo que aqui a gente aprende conceitos que vão além, que vão para fora, para a sociedade. Principalmente no que diz respeito a nós enquanto indivíduos”, disse Isabel Rodrigues dos Santos, estudante de serviço social.

Por Alexandre Henderson, Hygor Lemos, Rafael Avelino, Globo Comunidade

Comments (0)
Add Comment