Segundo o órgão de defesa do consumidor do Rio de Janeiro, o cliente da 123 Milhas que se sentir prejudicado deve guardar todas as comunicações feitas pela agência e registrar queixas. Na sexta-feira (18), a empresa suspendeu todas as passagens da linha Promo.
O Procon RJ recebeu 890 reclamações de clientes da agência de viagens 123 Milhas, desde a última sexta-feira (18), quando a empresa anunciou a suspensão de todos os pacotes e a emissão de passagens de sua linha promocional. A medida afetará viagens já contratadas da linha “Promo”, de datas flexíveis, com embarques previstos de setembro a dezembro de 2023.
O órgão de defesa do consumidor do Rio de Janeiro notificou a 123 Milhas e pediu explicações sobre as denúncias.
Após o anúncio da suspensão dos pacotes, a empresa informou que iria devolver os valores pagos pelos clientes por meio de vouchers com valor de até R$ 1 mil. Contudo, segundo alguns consumidores, o site não aceita que novas compras utilizem mais de um voucher por cada operação.
Para o contador Fábio Ramos, que gastou mais de R$ 25 mil com passagens para ele e a família, a resposta da empresa é um “absurdo”.
“Quando eu fui aplicar isso na passagem, ele só me deixou utilizar um voucher de mil reais. Ou seja, eu teria que aportar mais 4 mil para poder fazer aquela compra. Se eu quisesse utilizar outro voucher de mil, eu teria que comprar um produto e se esse produto fosse acima de mil reais, eu teria que complementar com esse valor. Achei um absurdo”, disse Fábio.
O presidente do Procon RJ, Cássio Coelho, disse nesta segunda-feira (21) que a solução apresentada pela 123 Milhas é ilegal. Ele orienta que o cliente da 123 Milhas que se sentir prejudicado deve guardar todas as comunicações feitas pela agência e registrar queixas.
“O fornecedor não pode ofertar apenas o voucher como opção de solução de pagamento. Legalmente, essa escolha deve ser feita pelo próprio consumidor”.
“Orientamos os consumidores, com viagem no período anunciado, que inicialmente entrem em contato com a empresa, solicitem informações sobre o que está sendo proposto. Verifique se a proposta atende para ser feita uma reconciliação e registrem toda a comunicação com a empresa através de e-mails, protocolos e mensagens”, orientou Cássio Coelho.
O que está acontecendo com a 123 Milhas foi o mesmo que aconteceu com uma outra agência de viagens online: a Hurb.
Os órgãos de defesa do consumidor alertam: promessas de descontos de até 80% em viagens só podem acabar em dor de cabeça.
A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça, notificou nesta segunda-feira (21) a 123 Milhas a dar explicações sobre pacotes suspensos. A empresa terá dois dias para prestar os esclarecimentos.
A secretaria instaurou um processo para investigar o caso e deu dois dias para a companhia apresentar justificativas.
A Senacon quer saber da 123 Milhas:
- Como os consumidores afetados pela suspensão dos pacotes estão sendo ressarcidos?
- Como funcionam os procedimentos utilizados na empresa para adiamento ou cancelamento de serviços e reembolso/estorno de valores aos consumidores
O que diz a empresa
Em nota, a 123 Milhas disse que a suspensão dos pacotes se deu por fatores econômicos e de mercado adversos e que os valores pagos pelos clientes serão integralmente devolvidos em vouchers, com correção monetária.
A empresa alegou que os vouchers foram divididos para possibilitar ao cliente mais flexibilidade e liberdade de escolha.
Contudo, a empresa não esclareceu por que é preciso complementar a compra com dinheiro e não com outros vouchers.
Por Helter Duarte, TV Globo