Durante reunião da Internacional Socialista, o primeiro-ministro espanhol clama por justiça humanitária e condena o bloqueio de ajuda à Palestina
Durante discurso no Conselho da Internacional Socialista, realizado neste sábado (24) em Istambul, na Turquia, o presidente do Governo da Espanha, Pedro Sánchez, fez duras críticas à ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza e apelou à comunidade internacional para agir com urgência diante da crise humanitária no enclave palestino. As declarações foram divulgadas pela rede de notícias HispanTV.
“A situação atual é simplesmente inaceitável e não ficaremos em silêncio. A indiferença não é uma opção para a comunidade internacional”, declarou Sánchez em sua intervenção na abertura da conferência, em tom enfático. O líder espanhol exigiu que Israel suspenda imediatamente sua operação militar e ponha fim ao bloqueio que impede a entrada de ajuda humanitária.
Segundo o primeiro-ministro, “Gaza pertence e continuará pertencendo aos palestinos. O deslocamento forçado ou a expulsão de pessoas de suas terras é deplorável e constitui uma violação do direito internacional”. A fala de Sánchez, que qualificou a conduta israelense como genocida, provocou forte reação diplomática de Tel Aviv, que convocou o representante espanhol nos territórios ocupados para prestar esclarecimentos.
Sánchez também anunciou que seu governo irá promover, em parceria com a Palestina, uma resolução na Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) exigindo a abertura de corredores humanitários para ONGs e organismos da ONU. “Quero deixar claro que defender a justiça humanitária não é contra ninguém”, disse ele, reforçando que o apelo à solidariedade não representa um ataque a Israel, mas sim uma defesa dos direitos humanos.
A crise humanitária em Gaza se agravou dramaticamente desde o bloqueio total imposto por Israel em 2 de março, que suspendeu o fornecimento de alimentos, medicamentos e outros suprimentos essenciais à população. Segundo dados apresentados durante o evento, a ofensiva israelense já causou a morte de 53.901 palestinos — a maioria mulheres e crianças — e deixou 122.593 feridos.
A escalada do conflito tem gerado intensas repercussões diplomáticas na Europa. Desde maio de 2024, as relações entre Madri e Tel Aviv vêm se deteriorando após o chanceler espanhol criticar abertamente a pressão israelense contra o reconhecimento do Estado palestino. Em resposta à agressão militar contínua, o Congresso espanhol aprovou uma moção pedindo um embargo de armas a Israel. A Espanha também aderiu oficialmente ao processo movido pela África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), que acusa Israel de crimes de genocídio.
A postura firme de Sánchez é um reflexo do crescente desconforto entre diversos países europeus com a conduta do governo israelense. Ao chamar a atenção do mundo para o sofrimento da população palestina e cobrar responsabilização internacional, o premiê espanhol assume um papel de liderança moral na cena internacional.
Por Brasil 247