PREFEITURA DO RIO TOMBA IMÓVEL NO FLAMENGO ONDE FUNCIONOU A FUNDAÇÃO ROMÃO DUARTE

A Prefeitura do Rio determinou o tombamento provisório do imóvel onde funcionou a Fundação Romão Mattos Duarte. Entre as considerações que constam na decisão publicada nesta quinta-feira, no Diário Oficial da cidade, estão a importância arquitetônica e histórica do endereço, na Rua Paulo VI, 60, no Flamengo, Zona Sul do Sul. Após o fim das atividades de amparar menores abandonados, ele vai passar a ser um residencial. Com o tombamento, apesar da mudança, passa a ter uma proteção que impede sua demolição, alteração ou descaracterização.

No texto é destacado que foram considerados a necessidade de resguardar a memória da fundação, “instituição filantrópica que atuou por quase três séculos acolhendo crianças em situação de vulnerabilidade”; a qualidade arquitetônica dos edifícios, com características estilísticas ecléticas; e a importância do conjunto arquitetônico na paisagem cultural do bairro.

No local, por quase três séculos, crianças em situação de vulnerabilidade foram acolhidas. A última delas deixou o casarão em 4 de julho do ano passado. O fim da atividade ocorreu após o pedido de suspensão de novos acolhidos feito pela própria instituição, em 18 de novembro de 2020, em que a organização alegou escassez de recursos financeiros, agravada pela pandemia de Covid-19, da Santa Casa de Misericórdia, provedora do lugar.

Quando estava em operação, a fundação tinha capacidade para atender até 20 crianças. O casarão foi um dos endereços que, no século XVIII, recebia recém-nascidos para que fossem ali cuidados. Havia um cilindo de madeira, que rodava para dentro e para fora, onde eram depositados os bebês. Em 14 de janeiro de 1738, surgiu a Fundação Romão Duarte, que levou o nome do comerciante e filantropo português que possibilitou a abertura do lugar com uma generosa doação, onde os menores eram recebidos, tratados e alimentados.

O cilindro funcionou até 1938. Através dele, bebês chegavam de famílias distintas, desde as mães que não tinham condições financeiras de arcar com a criação, às que não tiveram uma gestação socialmente aceita.

O imóvel foi vendido e o plano é de que seja transformado em um residencial com pequenas unidades habitacionais. Com o tombamento, “quaisquer intervenções físicas a serem realizadas no referido bem tombado deverão ser previamente aprovadas pelo Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural”, diz trecho do decreto publicado nesta quinta-feira.

“Importante marco arquitetônico na paisagem do bairro do Flamengo, o conjunto da antiga Fundação Romão Duarte será restaurado e abrigará um novo uso, agora residencial. Os estudos realizados pelo IRPH propuseram o tombamento da edificação principal e orientaram a proposta da nova construção, visando proteger a edificação e requalificar todo o espaço”, destacou a presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), Laura Di Blasi.

 

Por -O globo

Comments (0)
Add Comment