Ministra dos Povos Indígenas criticou a aprovação do marco temporal pelo Senado e disse que irá buscar um alinhamento para que Lula vete o projeto
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, criticou a aprovação pelo Senado do projeto que estabelece um marco temporal (PL 2.903/2023) para demarcação de terras indígenas no Brasil e afirmou que o Congresso”precisa parar de olhar a demarcação de terras indígenas como um terror para o Brasil, como um terror para o setor produtivo”.
“Foi uma surpresa essa pressa do Senado de já aprovar na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), aprovar o requerimento de urgência, já votar direto no plenário e aprovar de forma tão urgente para eles, disse a ministra em entrevista ao Programa Estúdio I, da GloboNews, nesta quinta-feira (28).
Sônia Guajajara destacou também destacou “a forma como o Senado se posiciona nos seus discursos, falando da tranquilidade, da harmonia que precisa estabelecer, sobre equilíbrio buscar, mas ao mesmo tempo são falas que acabam incitando uma violência, conflitos, mais conflitos entre indígenas e não indígenas. Ontem (quarta-feira) fiquei assistindo um a um falando e você vê muito clara a forma como eles se colocam como amigos dos indígenas, mas se colocando contra uma pauta que é tão crucial e tão importante para a defesa dos indígenas. >>> Na contramão do STF, Senado aprova marco temporal para demarcação de terras indígenas
Na entrevista, a ministra ressaltou que tentou abrir canais de diálogo com a Câmara e com o Senado, sem obter sucesso e que, agora, é preciso buscar “um alinhamento, dentro do próprio governo também, junto com o presidente Lula, para vetar os pontos que estão ali e que são realmente muito danosos aos povos indígenas”. >>> Marco Temporal: Supremo decide que ocupante de boa-fé deverá ser indenizado
Ainda segundo ela, os impactos das mudanças climáticas estão acontecendo em nível global e que setores da economia, como o agronegócio , também serão afetados em breve. “A gente falava até um dia desses que os povos indígenas, embora sendo os maiores guardiões da biodiversidade, somos os primeiros mais impactados, hoje esse impacto já está chegando para todo mundo, nas agriculturas, nas lavouras. É esse debate que estou levando para o Congresso quando converso com parlamentares, de olhar que essa mudança hoje é necessária. E também precisam parar de olhar a demarcação de terras indígenas como um terror para o Brasil, como um terror para o setor produtivo”. >>> Entenda o que pode acontecer após aprovação do marco temporal no Senado
“Essa fala que às vezes eles pronunciam ali no Congresso, na tribuna, acaba incitando muito a própria sociedade ou mesmo o campo contra os indígenas. Se é para buscar esse equilíbrio e essa harmonia, a gente precisa falar verdades, e não ficar dizendo – como eles insistem em dizer agora – que o marco temporal não aprovado vai permitir com que os indígenas tomem cidades inteiras, vilas. Isso não é verdade, e são narrativas que acabam colocando a sociedade contra povos indígenas, contra até a pauta ambiental”, completou.
Por Brasil 247