POLÍCIA CIVIL DA BAIXADA FICA MAIS DE 3 MESES SEM ACESSO A SISTEMA QUE GUARDA PROVAS DE INVESTIGAÇÕES

Site do armazenamento estava inacessível. Situação atrasou processos.

A Polícia Civil da Baixada Fluminense enfrentou um período de aproximadamente 100 dias sem acesso a provas de diversos crimes devido a problemas técnicos no sistema de armazenamento de imagens. Este atraso impactou significativamente processos judiciais em andamento, já que a corporação utiliza um sistema conhecido como “Hades”, que funciona como uma nuvem para armazenar fotos e vídeos relacionados a investigações.
Um dos casos afetados é referente a um assalto ocorrido em agosto de 2022, em que duas mulheres foram atacadas por um homem em um carro em Nova Iguaçu. As vítimas conseguiram capturar imagens do veículo utilizado pelo criminoso, facilitando a identificação. No entanto, ao tentarem acessar essas imagens, os investigadores se deparavam com uma mensagem de erro que indicava que o sistema estava “em manutenção”.
Em agosto deste ano, a 1ª Vara Criminal de Nova Iguaçu pressionou a delegacia responsável pela investigação a fornecer a mídia física necessária para o caso. A juíza destacou, em um ofício, que o link para acesso não estava funcionando. No mês passado, a Polícia Civil respondeu informando que as imagens solicitadas não estavam disponíveis no sistema e que não havia previsão de quando o acesso seria restabelecido.
A Justiça, então, enviou um ofício ao Ministério Público informando sobre a situação e a incapacidade da polícia de recuperar as provas. Durante a audiência de instrução e julgamento, o MP solicitou a intimação do delegado para que fossem adotadas providências administrativas em relação ao arquivo. O juiz reconheceu a relevância da prova e ressaltou que o encerramento da instrução dependia das imagens, com uma audiência agendada para o dia 3 de dezembro.
Esse é apenas um dos muitos processos em tramitação na Baixada Fluminense. A TV Globo tentou acessar o sistema várias vezes sem sucesso, e o Sindicato da Polícia Civil confirmou que o programa estava fora do ar. Márcia Bezerra, presidente do sindicato, explicou que o sistema foi projetado para facilitar a comunicação entre delegacias, mas acabou sendo utilizado para armazenar provas relevantes para as investigações.
Em nota, o Departamento-Geral de Tecnologia da Informação e Telecomunicações da Polícia Civil informou que o sistema, criado como um projeto-piloto em 2022, atingiu seu limite de armazenamento em agosto, resultando na suspensão do serviço. O sistema foi reativado após um pedido de esclarecimentos da TV Globo. Em resposta à situação, o secretário Felipe Curi determinou a abertura de uma sindicância para investigar as razões do problema, enquanto o Ministério Público continuou realizando reuniões periódicas com a Polícia Civil para buscar soluções.

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