PM AFASTA COMANDANTE DE BATALHÃO DA ILHA DO GOVERNADOR APÓS MORTES DE ADOLESCENTE E DE MENINA

Na manhã de sábado (12), dois menores, sendo um adolescente e uma menina de 5 anos de idade morreram baleados. Moradores acusam a Polícia Militar pelas mortes, já a polícia afirma que o jovem atirou contra os agentes e diz não saber como a garota morreu.

A Secretaria Estadual da Polícia Militar afastou, neste sábado (12), o tenente-coronel Fábio Batista Cardoso do comando do 17º BPM (Ilha do Governador). Nesta manhã, um adolescente e uma menina de 5 anos morreram baleados no bairro — moradores acusam PMs pelas duas mortes.

O afastamento foi divulgado pela corporação em nota informando que a medida foi tomada para “dar uma maior lisura e transparência à averiguação dos fatos referentes às ações ocorridas na manhã deste sábado (12/08), na Ilha do Governador, na Zona Norte da cidade”.

A TV Globo apurou que a Polícia Militar estava mobilizada na Ilha, desde o início da manhã, no esquema de segurança para a visita do governador Cláudio Castro a um posto de saúde na região.

PMs faziam blitzes quando uma moto com dois homens teria furado um dos bloqueios na saída de um baile funk no Morro do Dendê. Após a morte a tiros de um dos ocupantes, houve um protesto — durante o qual a criança, que não estava no ato, foi baleada.

Testemunhas e PM têm versões distintas para o que se sucedeu.

Os mortos são:

Wendel Eduardo, de 17 anos, na garupa de uma moto, na Avenida Paranapuã, por volta das 7h30;

Eloáh Passos, de 5 anos, dentro de casa, no Morro do Dendê, cerca de uma hora depois.

O que diz a PM

Nota da PM destaca:

Uma equipe do 17º BPM (Ilha) “teve atenção voltada para dois homens em uma motocicleta, na Rua Paranapuã, na Ilha do Governador, onde o ocupante de carona [que seria Wendel] portava uma pistola”;

“Após uma tentativa de abordagem, o indivíduo disparou contra a equipe, e houve revide”;

“O suspeito foi ferido e socorrido pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital Municipal Evandro Freire”, aonde chegou morto.

“O homem que conduzia a motocicleta [não identificado] foi conduzido à 37ª DP a fim de prestar esclarecimentos”;

“Posteriormente, um grupo de manifestantes ateou fogo a um ônibus na Rua Paranapuã, e o Batalhão de Rondas e Controle de Multidão (Recom) foi acionado em apoio”;

Depois, “o comando do 17º BPM foi informado sobre uma criança baleada no interior da comunidade do Dendê e que foi socorrida por familiares. A vítima teria sido atingida no interior de sua residência”;

“Não havia operação policial no interior da comunidade”.

O que dizem os moradores:

A TV Globo conversou com parentes das vítimas.

O tio de Wendel afirmou, com base no que ouviu de pessoas que estavam perto, que o sobrinho levantou os braços e se rendeu — mesmo assim, foi baleado. Ele também disse que nunca teve notícias de que Wendel tivesse envolvimento no crime;

Depois dessa morte, moradores de uma localidade do Dendê conhecida como Cova da Onça começaram uma manifestação, que segundo testemunhas, foi reprimida a tiros por policiais militares;

Um desses tiros da PM atingiu, segundo a família, a menina Eloá, que estava no quarto. Ela chegou sem vida ao hospital.

Prima de Eloáh, Indiane Passos disse que a garota foi atingida no peito. “Estava em casa, brincando, pulando na cama, comendo doce do mesversário da irmã dela que foi ontem [sexta, 11];

“Estava acontecendo uma manifestação porque eles mataram um menor”, disse Indiane, se referindo a Wendel. “Eles [PMs] mandaram tiro para dentro da comunidade.”

Fábio Santana, avô de consideração da Eloáh, também afirmou que, na manifestação, a PM “chegou atirando para cima”. “Não havia confronto”, disse.

Por g1 Rio

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