PL NÃO PERDOA DISSIDENTES E PUNE DEPUTADOS QUE VOTARAM A FAVOR DO GOVERNO LULA

Ofício ao qual CartaCapital teve acesso mostra que oito parlamentares serão suspensos de comissões na Câmara

O Partido Liberal, presidido por Valdemar Costa Neto, tende a não dar trégua a parlamentares que acenaram ao governo Lula em votações nas quais a sigla fechou questão pela rejeição.

A ofensiva acontece dias após o PL abrir um procedimento para expulsar o deputado Yury do Paredão (CE), flagrado “fazendo o L” com ministros do petista. 

Um ofício ao qual CartaCapital teve acesso aponta que oito deputados serão suspensos por infidelidade partidária por votarem a favor da medida provisória de reestruturação da Esplanada dos Ministérios.

A medida deve valer por três meses e incidirá sobre a participação em comissões da Câmara. 

No documento, assinado por Costa Neto, a sigla justifica a decisão com base na conduta dos deputados “em desacordo com o determinado pela resolução administrativa”. À época, o PL decidiu votar contra a MP dos Ministérios, mas oito parlamentares se manifestaram a favor do texto. Vinícius Gurgel, do Amapá, se absteve e também foi punido. 

A cúpula da sigla poupou apenas dez parlamentares que faltaram à sessão. Neste caso, a punição incide sobre os deputados: 

Detinha (PL-MA)

Josimar Maranhãozinho (PL-MA)

João Carlos Bacelar (PL-BA)

Júnior Mano (PL-CE)

Júnior Lourenço (PL-MA)

Matheus Noronha (PL-CE)

Pastor Gil (PL-MA)

Vinícius Gurgel (PL-AP)

Com a decisão, os parlamentares não poderão participar das audiências nas comissões das quais já são membros. Eles também estão impedidos de ser indicados a integrar os colegiados como titulares ou suplentes nos próximos três meses.

A irritação com a aproximação de deputados com o governo Lula atingiu seu ápice na semana passada. Uma fotografia tirada em Pernambuco foi responsável por abrir as discussões sobre punições, segundo relatos.

Na imagem, Yury do Paredão foi flagrado “fazendo o L” ao lado dos ministros Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) e Waldez Góes (Integração Nacional). O parlamentar cearense já havia desagrado correligionários ao participar de uma agenda com Lula em Juazeiro do Norte, seu berço político.

Após a decisão do PL de expulsá-lo, Yury disse respeitar o entendimento do partido e afirmou que continuará a defender as “ações dos governos que tragam melhorias para o povo brasileiro”.

De acordo com interlocutores do PL ouvidos pela reportagem, a aproximação com integrantes do governo petista também pesou na decisão de Valdemar. É o caso, por exemplo, dos deputados Josimar Maranhãozinho e Detinha, cuja relação com o ministro Flávio Dino (PSB) é alvo de críticas da ala bolsonarista da sigla.

O casal, que integra a chamada fração governista do PL, chegou a apoiar o ex-governador maranhense na disputa eleitoral em 2018. Também posou para fotografias com figuras do primeiro escalão de Lula, a exemplo de Jader Filho (Cidades) e Alexandre Padilha, articulador político do governo.

Pessoas próximas ao casal entendem, porém, que a suspensão imposta pelo PL não possui grande impacto no desempenho das atividades parlamentares. “O mais importante é manter o diálogo para continuar levando melhorias através das emendas”, diz um aliado.

Por Carta Capital

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