A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (28) a sétima fase da Operação Sisamnes, desarticulando uma organização criminosa autodenominada “Comando C4” — sigla para “Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos”. O grupo, composto por militares da ativa e da reserva, além de civis, oferecia serviços de espionagem e assassinato sob encomenda, com uma tabela de preços que variava conforme o cargo da vítima.
Modus Operandi e Alvos
Segundo as investigações, o Comando C4 utilizava drones, disfarces e até prostitutas para monitorar suas vítimas. Os serviços de espionagem eram tarifados da seguinte forma: R$ 250 mil para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), R$ 150 mil para senadores, R$ 100 mil para deputados federais e R$ 50 mil para “pessoas comuns”.
Entre os alvos identificados estavam os ministros do STF Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin, além do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Anotações apreendidas com os suspeitos mencionavam Pacheco como “alvo de interesse”, com registros de “vigilância armada” durante seu retorno de uma viagem internacional.
Origem da Investigação
A operação teve início após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em dezembro de 2023 em Cuiabá (MT). Conhecido como “lobista dos tribunais”, Zampieri foi morto a tiros, e seu celular continha registros de negociações envolvendo a venda de sentenças judiciais, com menções a juízes de diversos tribunais, incluindo gabinetes de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Operação Sisamnes
A sétima fase da Operação Sisamnes, autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do STF, resultou no cumprimento de cinco mandados de prisão preventiva, quatro de monitoramento eletrônico e seis de busca e apreensão nos estados de Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais. Além disso, foram impostas medidas cautelares como recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato entre os investigados e restrição de saída do país, incluindo o recolhimento de passaportes.
Repercussão Política
O senador Rodrigo Pacheco manifestou repúdio ao descobrir que era um dos alvos do grupo. Em nota, afirmou: “Externo meu repúdio em razão da gravidade que representa à democracia a intimidação a autoridades no Brasil, com a descoberta de um grupo criminoso, conforme investigação da Polícia Federal, que espiona, ameaça e constrange, como se o país fosse uma terra sem leis”.
Relação com o Período da Ditadura
O nome “Comando C4” remete ao “Comando de Caça aos Comunistas” (CCC), grupo paramilitar que atuou durante a ditadura militar brasileira, conhecido por praticar atos de violência política, como tortura, assassinatos e atentados contra opositores do regime. A escolha do nome indica uma possível inspiração ideológica do grupo desmantelado.
Próximos Passos
A PF continuará as investigações para identificar outros possíveis membros da organização e esclarecer a extensão das atividades criminosas. A análise do material apreendido será fundamental para determinar se houve efetivamente a execução de atentados ou se os serviços oferecidos pelo grupo foram contratados por terceiros.
A operação destaca a gravidade das ameaças à democracia e à integridade das instituições brasileiras, ressaltando a importância de ações coordenadas para combater organizações criminosas que visam desestabilizar o Estado de Direito.
Por Redação Gazeta Rio/Ricardo Bernardes