PESQUISADORES SE REÚNEM COM A BIOTEC MARICÁ PARA PENSAR A BIOECONOMIA

1º Seminário Internacional de Bioeconomia aponta direções para um modelo de produção mais sustentável e socialmente justo

A Biotec Maricá realizou o 1º Seminário Internacional de Bioeconomia de Maricá nessas quinta (22/06) e sexta-feira (23/06). O evento reuniu pesquisadores de universidades brasileiras e italiana para pensar a economia do futuro, sustentável econômica, ambiental e socialmente.

“Este seminário é a oportunidade que a Biotec teve de mostrar para a cidade de Maricá qual o motivo da sua existência, que é enfrentar o desafio atual de construir uma relação sustentável entre sociedade e natureza”, explicou Eduardo Britto, presidente da Biotec Maricá.

A empresa é uma subsidiária da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar) focada em buscar alternativas econômicas sustentáveis para o município, investindo na recuperação ambiental e na diversificação da base de produção de alimentos, com cultivos orgânicos, técnicas agroecológicas e tecnologia de bioinsumos na produção de pescado.

“É uma honra poder trazer pesquisadores renomados do Brasil e de fora do país para nos ajudar a refletir sobre como enfrentar esses desafios. O primeiro deles é saber que tipo de modelo de produção a gente pode desenvolver na cidade que conserve a natureza. Nós vamos produzir alimentos de maneira tradicional?  Não, vamos procurar alternativas, como a agricultura orgânica, e formas de baixar o custo dessa produção. Então a nossa função aqui é saber como produzir a um custo mais barato, acessível para a população de Maricá e de quem quiser comprar os nossos produtos orgânicos”, avaliou Britto.

As palestras

Ao longo da sexta-feira (23), diversos pesquisadores apontaram ações de bioeconomia que tentam tornar a relação sociedade e natureza mais sustentável. Da Universidade de Florença, na Itália, a professora Silvia Scaramuzzi levou para os participantes experiências bem sucedidas multidimensionais.

“Sustentabilidade não é somente o ambiental, mas também o econômico. O produtor rural precisa de rentabilidade”, disse Silvia, que seguiu exemplificando a solução europeia: “Na Itália temos rotas do vinho, do azeite… Incluem produtores, empresários de hotelaria e toda uma rede de serviços. Nas áreas rurais não deve existir apenas atividades agrícolas, mas também de turismo, de serviços. E que beneficiem toda a cadeia com o aumento da renda”.

“Não há sustentabilidade sem uma distribuição igualitária do aumento da renda. É preciso traçar estratégias para preservar, além do patrimônio biológico, também o cultural. E muitas vezes o cultural, a experiência, é o principal produto daquela região”, acrescentou.

O professor Arilson Favareto, da Universidade Federal do ABC, em São Paulo, também falou sobre diversificação do uso das áreas rurais. Em sua fala, mostrou como diferentes setores vêm tratando o termo bioeconomia e como ele precisa estar associado ao social.

“É um termo novo, e as pessoas vão ter visões diferentes. O agronegócio, por exemplo, pode dizer ‘mas a gente trabalha com bioeconomia também, então os recursos precisam vir para a gente’. Mas onde fica a sustentabilidade? Então é importante que o social esteja dentro desse conceito”, explicou Favareto.

Catia Grisa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, levou para a conversa da manhã dados de como duas grandes capitais, Belo Horizonte e Curitiba, estão lidando como a segurança alimentar. A garantia de alimentos saudáveis e acessíveis é um dos grandes temas da bioeconomia.

“São dois exemplos de cidades que vêm tratando da segurança alimentar há 30 anos e que desenvolveram políticas importantes, sustentáveis, saudáveis e inclusivas”, avaliou: “Maricá está sendo muito reconhecida no país pelas ações que tem tomado também, apesar de mais recentes”.

A programação da tarde foi encerrada com palestras sobre os instrumentos e políticas de planejamento territorial para as novas formas de uso dos recursos naturais com as professoras da Universidade Federal do ABC, de São Paulo, Vanessa Empinotti e Luciana Travassos.

A professora Luciana Travassos destacou que é necessário um planejamento de forma geral também durante o plano diretor de uma cidade para que seja integrador ao desenvolvimento territorial.

“O plano diretor deve valer para o município todo, e ele

não pode ser um instrumento unicamente da política urbana, ele vai ter que ser um instrumento que articula política territorial de uma forma geral”, destacou a professora.

O ato de planejar o território com diálogo combinado de forma horizontal garante maior desenvolvimento rural e urbano, segundo a professora Vanessa Empinotti.

“Tivemos a oportunidade de trazer nossos alunos para Maricá em março. Eles

fizeram um exercício olhando o município e pensando a partir do rural. É necessário planejar não só o espaço regional, mas o território.   É importante saber as ferramentas de gestão para pressionar e se envolver na discussão disso, na construção do seu município”, completou a professora Empinotti.

Visitas técnicas e coquetel

Antes das palestras e paineis, os participantes do 1º Seminário Internacional de Bioeconomia fizeram visitas técnicas às estruturas que estão a serviço da Biotec Maricá. A programação incluiu a visitação aos projetos da Biotec Maricá na Fazenda Pública Joaquín Piñero, no Espraiado, e na Biofábrica, em São José do Imbassaí, além de um coquetel na sede da Biotec, no Centro de Maricá.

“O seminário é para ampliar o debate dos desafios que temos para trazer uma nova economia para o município, indo ao encontro do objetivo da Prefeitura de Maricá e da Codemar de atrair novos investimentos, gerar empregos e negócios que alinhem a sustentabilidade ambiental, social e econômica”, explicou a diretora de Sustentabilidade da Biotec Maricá, Savana Carneiro.

O evento começou com uma visita técnica às plantações do projeto Inova Agroecologia, uma parceria da Codemar com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) por meio da Biotec Maricá.

Os participantes conheceram os plantios de cana-de-açúcar, pitaya, mandioca, batatas-doces, feijões e tomates. Também foi feita visita aos tanques de produções de camarões e à Biofábrica, onde são ativados os bioinsumos usados nos cultivos e na recuperação das lagoas do município.

Para o agrônomo e engenheiro agrícola do Inova Alan Oliveira, que guiou a visita junto às engenheiras agrônomas da Biotec, Esther Nunes e Fernanda Garcia, a agroecologia tem tudo a ver com bioeconomia.

“O projeto (Inova) tem o intuito de capacitar agricultores. Falamos ainda sobre a redução de gastos na agricultura ecológica e estamos trabalhando com adubações verdes, que são plantas que utilizamos como forma de adubar o solo biologicamente”, contou.

Participantes

A produtora Aduni Benton, da horta comunitária de Cordeirinho, afirmou que participar do seminário é fundamental para os produtores.

“Tudo o que vier de aprendizado para nós é muito importante. A programação do seminário é muito diversa e interessante. Hoje estamos tendo a oportunidade de conhecer os tanques de camarões e o projeto é muito importante para a economia da cidade”, analisou Aduni.

Na Biofábrica, a engenheira ambiental Danniela Scott guiou o grupo de cerca de 100 pessoas pelas dependências. Os participantes puderam ver o bioinsumo que é aplicado nas lagoas de Maricá sendo ativado e também tirar dúvidas sobre o processo de revitalização dos corpo.

Por Redação

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