PESQUISADORES IDENTIFICAM TRÊS NOVOS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS EM NITERÓI, COM FRAGMENTOS DE OSSOS HUMANOS E FERRAMENTAS

Trabalho de campo na Região Oceânica cataloga cerca de 40 itens, que estão em análise na UFF; nova lei urbanística preocupa

De dezembro de 2022 a abril deste ano, os pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Arqueológicas Indígenas (NuPAI) da Uerj identificaram três novos sítios arqueológicos nos bairros de Itaipu e Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói.

O trabalho de campo, iniciado há cerca de três anos, surgiu quando os arqueólogos foram convidados pelo Museu de Arqueologia de Itaipu (MAI) para reavaliar a localização da Duna Pequena e do Sambaqui Camboinhas, catalogados na década de 1970. Esse trabalho revelou um complexo sistema de ocupação humana ao longo de pelo menos sete mil anos, com vestígios de assentamentos tupinambás e tupis-guaranis na região.

Os sítios arqueológicos Lagoa de Itaipu, Sururu Pequeno e Jacuné foram devidamente cadastrados no sistema do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), dobrando o número de locais arqueológicos na região, de três para seis, junto com a Duna Pequena, o Sambaqui Camboinhas e a Duna Grande em Itaipu. Esses estudos visam também conter a especulação imobiliária que ameaça essas áreas.

Sob a coordenação do professor Anderson Marques Garcia, foram coletados mais de 40 objetos para análise no laboratório de radiocarbono da UFF. Dentes de tubarão, ossos de crânio, conchas e pedras lascadas estão entre os materiais encontrados. Os resultados da análise, previstos para o final deste mês, fornecerão uma compreensão mais precisa da cronologia desses objetos.

O arqueólogo enfatiza que esta é apenas a primeira etapa de um trabalho mais amplo, que ainda precisa classificar os tipos de sítios em cada local identificado. A coleta dos vestígios foi realizada de forma pouco invasiva, considerando marcas superficiais no solo e na vegetação. Escavações mais profundas serão realizadas em uma etapa posterior, requerendo uma licença adicional do IPHAN.

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, foi informada sobre as descobertas recentes e ressaltou a importância da preservação dessas áreas, especialmente diante dos riscos ambientais que Niterói enfrenta.

Por outro lado, a recente Lei Urbanística de Niterói gerou preocupação entre entidades da sociedade civil e pesquisadores, que temem que ela possa permitir a construção em terrenos de valor histórico e ancestral. A prefeitura esclarece que a legislação não abre caminho para isso e que áreas certificadas pelo IPHAN requerem autorização do governo federal para qualquer alteração.

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